"O assassínio de Jamshid Sharmahd mostra, mais uma vez, o tipo de regime desumano que reina em Teerão: um regime que usa a morte contra os seus jovens, a sua própria população e cidadãos estrangeiros", declarou Annalena Baerbock, acrescentando que Berlim transmitiu várias vezes "que a execução de um cidadão alemão teria consequências graves".
"Isto sublinha que ninguém está seguro sob o novo Governo" iraniano, afirmou a chefe da diplomacia da Alemanha, referindo-se à administração do Presidente Masud Pezeshkian, que tomou posse em julho.
Baerbock expressou "profundas condolências" à família de Jamshid Sharmahd, com quem o ministério sempre manteve "contactos estreitos".
Declarou também que o Governo alemão tomou medidas enérgicas no caso de Sharmahd, que a embaixada alemã em Teerão estava a trabalhar "incansavelmente" em prol da sua libertação e que foram enviadas de Berlim equipas de alto nível em várias ocasiões.
Jamshid Sharmahd foi considerado culpado de ter participado no atentado bombista perpetrado em 2008 numa mesquita da cidade de Shiraz, no sul do Irão, que matou 14 pessoas e feriu 300, acusações veementemente negadas pela família.
Esta há muito defendia a sua inocência, afirmando que ele havia sido detido pelas autoridades iranianas em julho de 2020, quando viajava pelos Emirados Árabes Unidos.
A propósito do tratamento dado a Jamshid Sharmahd, a ministra alemã declarou que este tinha sido "sequestrado no Dubai e transferido para o Irão, depois detido durante anos sem um julgamento justo e agora morto".
As autoridades judiciais iranianas anunciaram hoje que Jamshid Sharmahd, capturado no Dubai em 2020 pelas forças de segurança iranianas e encarcerado no Irão, foi executado no país depois de ter sido condenado por terrorismo.
A agência de notícias judiciária Mizan informou que a execução se realizou hoje de manhã.
Além de o acusar de participação no atentado bombista à mesquita de Shiraz em 2008, o Irão acusou Sharmahd, que vivia em Glendora, na Califórnia, Estados Unidos da América, de planear outros ataques, através da Assembleia do Reino do Irão e do seu braço militar, Tondar.
Acusou-o ainda de "revelar informações confidenciais" sobre a localização de mísseis da Guarda Revolucionária paramilitar do Irão, num programa televisivo em 2017.
"Sem dúvida, a promessa divina em relação aos apoiantes do terrorismo será cumprida. E esta é uma promessa definitiva", afirmou o poder judicial ao anunciar a sua sentença.
A família de Sharmahd contestou as acusações e estava há vários anos empenhada em conseguir a sua libertação.
Sharmahd esteve no Dubai em 2020, a tentar viajar para a Índia, para um acordo comercial que envolvia a sua empresa de 'software', esperando conseguir um voo de ligação, apesar de a pandemia de covid-19, já em curso, ter interrompido as viagens globais na altura.
A família de Sharmahd recebeu a última mensagem dele a 28 de julho de 2020.
A investigação de rastreio de comunicações revelou que o telemóvel de Sharmahd viajou para sul, do Dubai até à cidade de Al-Ain, a 29 de julho, atravessando a fronteira com Omã e pernoitando perto de uma escola islâmica na cidade fronteiriça de al-Buraimi.
A 30 de julho, os dados de rastreio mostraram que o telemóvel viajou para a cidade portuária de Sohar, em Omã, onde o sinal foi interrompido.
Dois dias depois, o Irão anunciou que tinha capturado Sharmahd numa "operação complexa".
O Ministério dos Serviços de Informações publicou uma fotografia dele com os olhos vendados.
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