O acordo, assinado em Niamei, abrange "os termos de aquisição e implantação de três satélites de alta altitude para garantir a segurança dos países AES (Aliança dos Estados do Sahel: Níger, Mali e Burkina Faso), de acordo com os desejos dos seus três chefes de Estado", segundo a rádio pública do Níger, citada pela agência noticiosa francesa AFP.
O acordo contempla a compra de um satélite de comunicações, um satélite de teledeteção e um radar de "defesa e segurança", cuja fabrico na Rússia levará quatro anos, especificou o ministro das Comunicações do Níger, Sidi Mohamed Raliou, durante a cerimónia de assinatura.
Entretanto, a Glavkosmos "compromete-se a fornecer aluguer" de equipamentos semelhantes enquanto decorre o processo de fabrico, segundo a rádio.
Foi feito um pedido para que o "centro de comando do satélite" fique baseado num dos países da AES, disse o Sidi Raliou, acrescentando que "cada país terá um centro secundário de receção e transmissão".
"Este projeto muito importante enquadra-se na soberania dos nossos países. Hoje é a assinatura, depois haverá a formação de todas as equipas que serão responsáveis pela gestão dos equipamentos", declarou o ministro.
"No final deste projeto, os três países poderão pilotar eles próprios os seus satélites de comunicações e geri-los como quiserem", garantiu, citado pela Agência de Imprensa estatal do Níger (ANP).
Segundo a mesma fonte, Raliou recordou ter participado numa reunião em Bamaco (Mali), em setembro passado, reunindo os três países da AES e a empresa Glavkosmos, durante a qual estava em cima da mesa a questão da aquisição e implantação de satélites.
"Após estas discussões, o Mali assinou ontem e o Níger hoje", acrescentou.
Os vizinhos Níger, Burkina Faso e Mali enfrentam ataques jihadistas recorrentes há anos, perpetrados por grupos afiliados da Al-Qaida e ao grupo Estado Islâmico (EI), que provocaram dezenas de milhares de mortos.
Nestes três países, os governos civis foram derrubados por sucessivos golpes militares desde 2020.
Estas três antigas colónias francesas viraram então as costas a Paris e aproximaram-se económica e militarmente de novos parceiros, incluindo a Rússia.
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