O chefe de Estado angolano falava na tomada de posse de Manuel Homem, que deixa o cargo de governador de Luanda para assumir a pasta do Ministério do Interior, em substituição de Eugénio Laborinho.
Segundo João Lourenço, a nomeação inédita de um civil como ministro do Interior, vem quebrar uma tradição.
"Entendemos quebrar algo que tem que sido tradição, ao nomearmos um ministro do Interior civil, mas gostaria de lhe pedir que não tivesse medo da farda. A farda não faz mal a ninguém, não é na farda onde está a força, a força está na inteligência, na determinação dos homens", referiu o Presidente de Angola.
João Lourenço apelou a Manuel Homem que exerça as suas funções "sem nenhum tipo de complexo, sem receio algum", porque confia nas suas capacidades, acreditando que vai "dar num bom ministro do Interior".
Em declarações à imprensa, Manuel Homem disse que vai começar por fazer um diagnóstico da situação atual do Ministério do Interior e dará sequência às várias ações que estão a ser desenvolvidas já pelo setor, destacando o combate à criminalidade, a melhoria da segurança pública no país, ao Serviço de Migração de Estrangeiros e à Guarda de Fronteira.
"Como sabem, temos assistido nos últimos tempos várias ações nesse domínio, de invasão das nossas fronteiras e teremos que prestar alguma atenção para conseguirmos melhorar a atuação dos órgãos", referiu.
Manuel Homem salientou que vai também investir na capacitação e formação dos recursos humanos para garantir cada vez mais melhores quadros, para responder às necessidades que a polícia e os órgãos do Ministério do Interior exigem.
A problemática do contrabando de combustível vai igualmente merecer atenção, bem como a apropriação ilegal de várias outras riquezas do país, "que são vandalizadas, roubadas".
"Vamos fazer este trabalho para permitir que possamos ter o Ministério do Interior e a Polícia Nacional com maior dinâmica para atuar neste e noutras ações que temos ao nível do Ministério", acrescentou.
O Presidente angolano exonerou, na quinta-feira, Eugénio Laborinho, cuja liderança na pasta do Interior ficou marcada por diversas polémicas, embora tenha sido um dos mais duradouros ministros do executivo de João Lourenço, que o nomeou em 2019 e o manteve no seu segundo mandato, conquistado nas eleições gerais de 2022.
Na semana passada, João Lourenço exonerou os diretores nacionais do Serviço de Migração e Estrangeiros e do Serviço de Investigação Criminal, pouco depois de, no seu discurso sobre o Estado da Nação, a 15 de outubro, ter acusado políticos e parlamentares de estarem ligados a crimes de contrabando e vandalização de vens públicos.
Na altura, João Lourenço afirmou que "o aumento do contrabando de combustíveis, o dano ambiental resultante da exploração ilegal de minerais estratégicos e de madeira", e o reinvestimento público necessário devido à vandalização de bens públicos, obriga a unir esforços numa "cruzada nacional contra estes tipos de crime".
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