"Construir capacidade de regulamentação, implementar sistemas de monitorização e reporte de forma eficaz, e garantir que as comunidades locais beneficiam dos projetos de carbono" são recomendações prévias da UNCTAD, num relatório hoje divulgado, aos países menos desenvolvidos, conhecidos pela sigla LDC, e onde estão Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
No relatório hoje divulgado em Genebra, a UNCTAD diz que "os mercados de carbono podem contribuir para o desenvolvimento destes países, através do combate às barreiras existentes e recorrendo a reformas específicas, que podem desbloquear o significativo potencial climático, criar oportunidades financeiras e melhorar as economias, ao mesmo tempo que contribuem para a ação climática global".
O relatório sobre a 'Alavancagem dos Mercados de Carbono para os LDC' recomenda que estes países e os seus parceiros no desenvolvimento se foquem em três áreas prioritárias para melhorar os benefícios dos mercados de carbono, que essencialmente servem para os países menos desenvolvidos poderem vender às nações mais industrializadas iniciativas climáticas que compensem a poluição causada pelas indústrias.
A UNCTAD "recomenda a expansão das parcerias internacionais, através da criação de instituições regionais que baixem os custos e melhorem o posicionamento dos mercados, alavancando a cooperação Sul-Sul, e defende enquadramentos benéficos nos acordos climáticos globais".
A organização recomenda também que seja dada prioridade à construção de capacitação.
É preciso, diz a UNCTAD, "garantir que os parceiros do desenvolvimento forneçam recursos para ajudar os LDC a integrar as políticas dos mercados de carbono nos objetivos mais amplos da transformação económica e, para além disso, diferenciar o financiamento do carbono, do financiamento climático, para melhorar a responsabilização".
Esta agência das Nações Unidas reconhece que a participação dos países menos desenvolvidos nos mercados de carbono é ainda pouco significativa, mas salienta que este mercado tem um grande potencial, não só de financiamento para os países, mas também de melhorias na ação climática global.
"Apesar de os LDC participarem nos mercados de carbono, o seu retorno financeiro é ainda modesto em comparação com as maiores fontes de financiamento, como a ajuda ao desenvolvimento, o investimento direto estrangeiro e as remessas", diz a UNCTAD.
A organização lembra que no ano passado, o valor de mercado dos créditos de carbono para os LDC foi de apenas 403 milhões de dólares, cerca de 370 milhões de euros, apenas 1% da ajuda bilateral ao desenvolvimento, e uma pequena parte do bilião de dólares, ou 917 mil milhões de euros, que são necessário todos os anos para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
"Os mercados de carbono, por si só, não vão conseguir fechar este défice de financiamento mas podem aportar mais uma ajuda financeira", conclui a UNCTAD.
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