"Em outubro, entraram diariamente cerca de 37 camiões de ajuda humanitária, o que não é suficiente para 2,2 milhões de pessoas que precisam de absolutamente tudo", afirmou Louise Wateridge.
Wateridge disse que o inverno trará a estação das chuvas e que mais de 500.000 civis estão em risco, principalmente os que não têm onde se abrigar e dormem ao relento.
A funcionária da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), banida por Israel, descreveu a situação a partir do centro de Gaza.
Durante a videochamada para Genebra, Suíça, ouviram-se pelo menos três detonações relativamente próximas, segundo a agência espanhola EFE.
Wateridge disse que a situação mais catastrófica se registava no norte do enclave palestiniano, "onde as pessoas imploram por um pouco de pão e água".
Segundo Wateridge, os alimentos não podem ser transportados pelas Nações Unidas porque Israel rejeita constantemente os pedidos que recebe para autorizar as missões humanitárias.
Os relatos sobre a situação no norte de Gaza provêm não só das pessoas deslocadas, mas também do pessoal da UNRWA que se encontra encurralado na zona sitiada pelas forças armadas israelitas.
"Os nossos colegas que lá estão encurralados falam-nos das bombas nos hospitais, que não há reservas de sangue, nem medicamentos, que já usaram tudo o que tinham e que há cadáveres espalhados pelas ruas", contou.
"Também não há ambulâncias, por isso, se uma pessoa gravemente doente precisa de ser tratada, tem de ir a pé ou montada numa mula. A situação é aterradora", afirmou.
Disse também que, em outubro, 64 escolas da UNRWA foram bombardeadas em diferentes partes do território.
Wateridge defendeu que a única saída para a situação é um cessar-fogo e que o grupo extremista palestiniano Hamas liberte os reféns que ainda tem em seu poder.
"Tudo é possível se houver vontade política e pausas humanitárias [nos bombardeamentos], como demonstrou a campanha de vacinação contra a poliomielite, que conseguiu vacinar mais de meio milhão de crianças em 12 dias", acrescentou.
Israel anunciou hoje a abertura de um novo ponto de passagem de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, no fim de um prazo fixado pelos Estados Unidos para o aumento da ajuda aos palestinianos.
Washington tinha dado 30 dias a Israel para responder a exigências relativas à ajuda humanitária, sob pena de suspender parte da assistência militar que fornece ao exército israelita.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do grupo extremista palestiniano Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas, segundo as autoridades.
A ofensiva de retaliação de Israel em Gaza causou mais de 43.600 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera fiáveis.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007.
O conflito alastrou-se ao Líbano, dado o envolvimento do grupo libanês Hezbollah em ataques contra Israel para apoiar o Hamas.
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