A par desta nova base localizada no norte da Polónia, os elementos-chave deste sistema norte-americano antimíssil incluem um local semelhante na Roménia, contratorpedeiros da Marinha dos Estados Unidos da América (EUA) destacados em Rota, Espanha, e um radar de alerta precoce em Kurecik, Turquia.
"Este é um acontecimento de importância histórica para a segurança da Polónia, dos Estados Unidos e da NATO", afirmou o ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, durante uma cerimónia na base de Redzikowo, no norte do país, que contou com a presença de vários outros políticos polacos e líderes militares norte-americanos.
"Os atuais conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente mostram-nos a importância da defesa aérea e da defesa antimíssil", afirmou o ministro.
A cerimónia ocorre numa altura em que Varsóvia e os seus aliados na região se preparam para a futura presidência do republicano Donald Trump, que chegará à Casa Branca em janeiro de 2025, que tem manifestado reservas quanto à continuidade da ajuda militar dos EUA à Ucrânia.
O embaixador dos EUA na Polónia, Mark Brzezinski, expressou, no entanto, a sua "confiança na continuação da estreita parceria entre as duas nações".
Operacional desde julho passado e integrada no projeto de defesa coletiva da NATO, a base de Redzikowo faz parte de uma rede de radares e intercetores de mísseis que Washington começou a instalar há 15 anos para proteção contra as ameaças de mísseis balísticos provenientes do exterior da zona euro-atlântica, nomeadamente do Irão.
A sua instalação na Europa provocou sempre reações de hostilidade por parte da Rússia, que a vê como uma ameaça à sua própria segurança.
Moscovo voltou a protestar hoje contra esta base, localizada a cerca de 230 quilómetros do enclave russo de Kaliningrado, território no Báltico com fronteira com a Lituânia e a Polónia, dois países da União Europeia e da NATO.
"Trata-se de um avanço das infraestruturas militares americanas na Europa em direção às nossas fronteiras" e "isto levará a que sejam tomadas medidas adequadas para garantir a paridade", avisou o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov.
Iniciado tardiamente e numa situação geopolítica que se alterou, sobretudo após a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o sistema suscitou debate na Polónia sobre a sua atualização.
"Esta base é uma espécie de relíquia, um vestígio de um antigo sistema de pensamento sobre a segurança europeia", que não tem em conta a ameaça russa, disse à agência francesa AFP Marek Swierczynski, especialista em questões de defesa no grupo de reflexão Polityka Insight.
Wojciech Lorenz, analista do Instituto Polaco de Assuntos Internacionais, afirmou, por sua vez, que "o objetivo deste sistema deve ser repensado".
Já o general Mieczyslaw Bieniek, conselheiro do ministro da Defesa polaco, sublinhou o "elevado potencial" de desenvolvimento das capacidades técnicas e militares desta base, que, segundo o mesmo, poderia também ser equipada com mísseis capazes de neutralizar os mísseis de cruzeiro.
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