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Plâncton marinho terá dificuldade em sobreviver ao aquecimento global

O plâncton é a base da dieta de muitos animais marinhos, mas poderá estar extinto no próximo século, devido à incapacidade de se adaptar com rapidez suficiente ao atual ritmo de aumento da temperatura, como consequência do aquecimento global.

Plâncton marinho terá dificuldade em sobreviver ao aquecimento global
Notícias ao Minuto

14/11/24 07:47 ‧ Há 10 Horas por Lusa

Mundo Estudo

O possível desaparecimento do plâncton colocaria em perigo grandes áreas da vida marinha, incluindo os peixes que dependem destes organismos para se alimentarem, noticiou na quarta-feira a agência Efe.

 

Uma equipa liderada pela Universidade de Bristol (Reino Unido) comparou, num estudo publicado na Nature, a resposta do plâncton na última vez em que a Terra aqueceu significativamente, há cerca de 21 mil anos, com o que é provável que ocorra em condições semelhantes no final deste século.

Os resultados são "alarmantes, pois mesmo com as previsões climáticas mais conservadoras de um aumento de 2 graus, é claro que o plâncton não consegue adaptar-se suficientemente rápido ao ritmo muito mais rápido de aquecimento que estamos a experimentar agora e que parece continuar", alertou o autor principal da investigação, Rui Ying, da Universidade de Bristol.

Ying lembra que o plâncton "é a força vital dos oceanos, uma vez que sustenta a cadeia alimentar marinha e o armazenamento de carbono".

O especialista alertou que pôr em perigo a sua existência representará uma ameaça sem precedentes, que irá perturbar todo o ecossistema marinho, com consequências devastadoras e de grande alcance para a vida marinha e também para o abastecimento de alimentos aos seres humanos.

A equipa desenvolveu um modelo para analisar como o plâncton se comportava há cerca de 21 mil anos e como poderia agir com base nas projeções climáticas futuras.

Ao concentrar-se num grupo específico de plâncton que existe ao longo dos séculos, o trabalho de modelação ofereceu conhecimentos e níveis de precisão sem precedentes.

Os registos geológicos mostraram que o plâncton já se tinha afastado dos oceanos mais quentes para sobreviver.

Mas, utilizando o mesmo modelo ecológico e climático, as projeções mostraram que as taxas de aquecimento atuais e futuras eram demasiado elevadas para que isso fosse possível novamente, potencialmente exterminando organismos preciosos.

O Acordo de Paris estabelece o objetivo de limitar o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2 graus acima dos níveis pré-industriais e esforça-se por limitá-lo a 1,5.

Um relatório das Nações Unidas alertou no mês passado que o mundo enfrentará um aquecimento de até 3,1 graus se os governos não tomarem mais medidas para reduzir as emissões de carbono, recordou a Universidade de Bristol.

Se estas tendências preocupantes se agravarem, "haverá consequências muito reais para os nossos ecossistemas e para os meios de subsistência das pessoas, incluindo as comunidades piscatórias", destacou Daniela Schmidt, também signatária da investigação.

Para a cientista, a mensagem é clara: "Todas as nações devem redobrar os seus esforços e medidas, coletiva e individualmente, para reduzir ao mínimo o aquecimento global".

Leia Também: Oceanos a aquecer, menos gelo e ondas de calor generalizadas

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