Futuro chefe da diplomacia dos EUA sinaliza força em política externa
A nomeação do senador Marco Rubio para chefe da diplomacia norte-americana poderá sinalizar uma política externa de linha dura contra regimes como China, Irão e Venezuela, atendendo a posições que assumiu ao longo dos anos.
© Chip Somodevilla/Getty Images
Mundo EUA
Na quarta-feira, o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a nomeação de Marco Rubio para o cargo de secretário de Estado, apesar de este senador da Florida ter sido seu feroz adversário nas primárias republicanas de 2016.
Entretanto, Rubio tornou-se um dos mais fiéis apoiantes do Presidente eleito em questões de política externa.
Desde o início do seu mandato no Senado, Rubio consolidou-se como uma voz firme contra as ações do Governo chinês, defendendo a autonomia de Taiwan e posicionando-se contra as operações comerciais de empresas ligadas a Pequim.
Essa postura foi crucial para fortalecer a relação entre Trump e Rubio, visto que ambos compartilham uma visão de confronto com a China, especialmente em questões ligadas aos direitos humanos e à segurança cibernética.
Aos 53 anos, Rubio será o primeiro secretário de Estado de origem latina, caso a sua nomeação seja aprovada pelo Senado.
Com uma carreira política sólida, iniciada no Senado estadual da Florida e consolidada no Senado federal, Rubio já tinha conseguido o estatuto de conselheiro informal de Trump em questões ligadas à América Latina, particularmente no que diz respeito a Cuba e Venezuela.
A nomeação de Rubio reforça uma linha de continuidade em relação à política de Trump, em particular na relevância de preservar interesses norte-americanos acima de alianças internacionais.
Ao longo dos anos, Rubio defendeu que os Estados Unidos adotassem uma postura mais agressiva no cenário global, sustentando que uma "América excecional" precisa de uma liderança firme.
Rubio assegura estar comprometido com a agenda de Trump, na estratégia de "paz através da força", uma ideia que, para este senador, passa pela defesa intransigente de aliados como Israel e pela contenção de regimes autoritários que considera ameaças diretas aos interesses dos Estados Unidos.
No entanto, a nomeação de Rubio não está isenta de polémicas, já que algumas das suas opiniões sobre a necessidade de preservar alianças tradicionais como a da NATO, em contraste com a abordagem mais isolacionista de Trump, já causaram tensões dentro do próprio Partido Republicano.
Recentemente, Rubio apoiou legislação para impedir que o Presidente possa retirar o país da NATO sem aprovação do Congresso, alegando que acredita que a Aliança Atlântica é vital para a segurança global.
Contudo, em temas como o conflito na Ucrânia, Rubio tem manifestado uma posição mais pragmática, alinhando-se com Trump ao defender que o conflito deve ser encerrado rapidamente para evitar custos prolongados aos EUA.
Como secretário de Estado, Rubio será responsável por implementar uma política externa que equilibre esses interesses.
A sua postura intransigente em relação à China provavelmente influenciará novas sanções contra empresas sob a tutela das autoridades de Pequim, bem como uma expansão da cooperação militar com Taiwan, que Rubio considera essencial para preservar a segurança na região do Indo-Pacífico.
Esta linha de ação é vista por analistas como uma tentativa de reforçar a posição norte-americana perante a crescente influência chinesa no cenário internacional, especialmente em questões de comércio e tecnologia.
Rubio também enfrenta o desafio de fortalecer a diplomacia norte-americana em regiões onde a influência dos Estados Unidos tem sido contestada, como na América Latina.
Em declarações recentes, o senador manifestou uma visão clara sobre a necessidade de apoiar governos alinhados com os interesses de Washington e em combater aqueles que considera responsáveis por situações de instabilidade e de autoritarismo, como o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.
No plano doméstico, a nomeação de Rubio representa uma ponte entre o Partido Republicano tradicional e a base mais conservadora de Trump.
O senador da Florida - conhecido pela sua capacidade de comunicação e pela influência sobre minorias latinas - poderá trazer um perfil menos polarizador à diplomacia norte-americana, ainda que o seu histórico de posições firmes indique uma abordagem sem concessões nos temas de segurança e defesa dos interesses nacionais.
No entanto, observadores políticos indicam que Rubio pode encontrar resistência no próprio Senado, onde, apesar de ser respeitado, as suas visões mais radicalizadas sobre a China, bem como as suas assumidas posições anticomunistas, podem gerar debates acalorados na câmara alta do Congresso.
Ainda assim, com um perfil robusto em política externa e com uma trajetória marcada pela defesa dos valores mais tradicionais da política norte-americana, Rubio aparece como uma escolha estratégica para Trump, que pretende consolidar uma estratégia de enfrentamento dos regimes que desafiam a hegemonia de Washington no cenário global.
Rubio tem insistido que o seu compromisso será "colocar os americanos em primeiro lugar" e "proteger a soberania americana de ameaças estrangeiras", reafirmando a aliança com aliados estratégicos e dando prioridade ao poder militar como ferramenta de dissuasão.
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