Presidente do Vox. "Vento de mudança" no ocidente com vitória de Trump
O presidente do partido de extrema-direita espanhol Vox, Santiago Abascal, afirmou hoje, no seu primeiro discurso como presidente do partido europeu Patriotas, haver um "vento de mudança" no Ocidente, "especialmente" nos Estados Unidos.
© Lusa
Mundo Eleições EUA
Abascal referia-se à recente vitória do ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, nas eleições presidenciais norte-americanas, a 05 de novembro.
O novo presidente do partido Patriotas - que se inclui, no Parlamento Europeu, no grupo Patriotas pela Europa, com a terceira maior representação no hemiciclo comunitário e que inclui também os partidos liderados pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e pela líder da União Nacional francesa, de extrema-direita, Marine Le Pen, apelou para que se "aproveite esta oportunidade".
"Não podemos deixar passar este momento histórico", sublinhou, argumentando que é dever do partido Patriotas ser "um instrumento para o crescimento e a vitória das forças patrióticas e soberanistas em toda a Europa".
Nessa linha, centrou-se na necessidade de ultrapassar os limites da própria organização e de procurar alianças nas instituições europeias e no Parlamento Europeu para "alcançar maiorias alternativas àquelas de que a Europa tem vindo a padecer às mãos de um federalismo apátrida e, que por vezes adquiriu contornos quase soviéticos".
Anteriormente, Abascal tinha sustentado que esta "aliança de patriotas de toda a Europa" é necessária não só porque partilham valores, mas também porque partilham ameaças: "Sofremos a ameaça permanente e crescente, cada vez mais agressiva, contra a soberania das nossas nações por parte daqueles que querem submetê-las a estruturas supranacionais que ninguém votou e que, evidentemente, não defendem os interesses dos nossos povos".
Num plano mais alargado, Abascal sublinhou que os valores comuns da formação são o respeito pelas respetivas soberanias que a compõem, enumerando: "a afirmação da liberdade até às últimas consequências, a defesa da dignidade humana, a defesa da nossa identidade e das nossas tradições e a defesa da civilização cristã".
Prosseguindo as críticas às estruturas supranacionais, Abascal salientou que estas também "padecem da ameaça dos burocratas e dos globalistas", que as utilizam para "impor ideologias perversas, liberticidas e também ideologias ruinosas, desde a ideologia 'woke', que destrói as mentes, até ao fanatismo climático e à ditadura verde que estão a destruir as nossas indústrias e os nossos campos e a empobrecer os nossos povos".
A este respeito, argumentou que "as agendas globalistas já estão a ser ensinadas até nos manuais escolares às crianças mais pequenas" e que Espanha é disso exemplo.
"Querem silenciar milhões de europeus", continuou o líder do Vox, falando da "perseguição político-judicial que Marine Le Pen está a sofrer, que [o vice-primeiro-ministro italiano] Matteo Salvini está a sofrer neste momento, que [o líder da extrema-direita neerlandesa] Gert Wilders sofreu, que os nossos amigos da Áustria e da Flandres também sofreram e que Viktor Orbán também sofreu, embora sempre através da chantagem orçamental dos fundos europeus, que os burocratas pensam que são deles".
"Querem roubar a voz aos europeus e fazem-no atacando os seus líderes mais populares. E fazem-no de uma forma cada vez mais cruel e contundente, destruindo algo tão europeu como a liberdade de expressão", acrescentou.
Abascal carregou também contra o "ataque" de que são alvo as identidades partilhadas, a civilização europeia e as suas raízes judaico-cristãs, bem como a igualdade e segurança das mulheres que "se sentem cada vez mais inseguras em muitas ruas europeias".
Uma situação cuja responsabilidade atribuiu à "imigração ilegal e em massa", assim como ao islamismo, afirmando: "É incompatível com a nossa maneira de ser e a nossa maneira de viver, incompatível com a Europa e incompatível com todas e cada uma das nossas nações".
Na sua opinião, na sequência com o "vento de mudança em todo o Ocidente", já se pode perceber "a raiva e a impotência dos burocratas globalistas e da esquerda islamita, que está a intensificar os seus ataques, a acelerar as suas tentativas de cancelamento e que, porque está a perder, está a tornar-se mais perigosa e mais agressiva porque sabe que o seu tempo acabou".
Por fim, Abascal defendeu: "Até agora, só os inimigos de tudo o que é belo, que é o amor à nossa pátria, à nossa liberdade, às nossas tradições, às nossas famílias, trabalharam unidos".
Por essa razão, encorajou os seus apoiantes a trabalharem também em conjunto: "Temos o dever de promover uma resposta total e global ao globalismo", salientou, antes de sublinhar: "Nós, pessoas de bem, devemos estar unidos".
O Partido Patriota reúne formações de 11 países europeus e tem 86 deputados no Parlamento Europeu, que representam mais de 19 milhões de europeus, sendo o terceiro maior grupo parlamentar, atrás do Partido Popular Europeu (PPE) e da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D).
O grupo parlamentar nasceu após as eleições europeias de junho passado, a partir de uma aliança entre o Fidesz, o partido do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, e a Aliança dos Cidadãos Descontentes, populista checa. Faz também parte desta aliança o União Nacional francesa de Marine Le Pen, que, tal como Orbán, esteve presente na reunião de Paris onde Abascal foi eleito presidente.
Leia Também: Imigrantes portugueses sem documentos receiam nova era Trump
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com