Vários legisladores russos alertaram, este domingo, que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em autorizar a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance norte-americanos contra a Rússia, representa uma "escalada" do conflito, que pode levar à destruição do "Estado ucraniano" e à "Terceira Guerra Mundial".
"O Ocidente decidiu um nível de escalada tal que pode terminar com o Estado ucraniano em completa ruína esta manhã", afirmou, Andrey Klishas, um membro sénior do Conselho da Federação, a câmara alta do parlamento russo, citado pela agência de notícias Reuters.
Já Vladimir Dzhabarov, primeiro vice-chefe do Comité de Assuntos Internacionais do Conselho da Rússia, garantiu que a resposta da Rússia será "imediata". "Este é um grande passo para o início da Terceira Guerra Mundial", afirmou, em declarações à agência russa TASS.
Também Leonid Slutsky, presidente interino da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma (câmara baixa do parlamento federal), alertou que "os ataques com mísseis americanos nas regiões russas implicarão inevitavelmente uma escalada séria, que ameaça levar a consequências muito mais graves".
Em causa está o uso dos mísseis ATACMS com um alcance de cerca de 300 quilómetros, que poderão ser utilizados contra as tropas russas e norte-coreanas na região de Kursk, no oeste da Rússia.
Tal decisão constitui uma importante alteração à política dos Estados Unidos e ocorre no momento em que Biden está prestes a deixar a Casa Branca e o Presidente eleito, Donald Trump, prometeu reduzir o apoio norte-americano à Ucrânia e acabar com a guerra o mais rapidamente possível.
Sublinhe-se que os EUA forneceram à Ucrânia mísseis de longo alcance ATACMS, mas não tinham dado autorização ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky para os utilizar contra território russo.
Em setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, chegou a alertar que autorizar a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance para atingir alvos em território russo significaria que os membros da NATO, os Estados Unidos e os países europeus estariam em guerra com a Rússia.
A ofensiva russa em larga escala contra a Ucrânia iniciou-se em fevereiro de 2022 e os países ocidentais têm apoiado militarmente Kiev na sua defesa.
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