Circunstâncias na Ucrânia "diferentes" após contactos de Scholz e Orbán
O Governo argumentou esta segunda-feira que "as circunstâncias são diferentes", entre a chamada do chanceler alemão ao Presidente russo e a deslocação a Moscovo do primeiro-ministro húngaro, por o primeiro querer "paz nos termos em que a Ucrânia quer".
© Johanna Geron/Reuters
Mundo Guerra na Ucrânia
"Nós tivemos vários membros de governo europeus que falaram já anteriormente com [o Presidente russo, Vladimir] Putin. O chanceler [alemão, Olaf] Scholz não é o primeiro, por isso eu diria que as circunstâncias são bastante diferentes", disse a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos.
Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas no final de um Conselho de Negócios Estrangeiros, a responsável argumentou que "uma coisa é falar para reiterar um desejo de paz, nos termos em que a Ucrânia quer a paz", referindo-se ao que resultou da chamada de Scholz a Putin.
"A conversa, pelo que sei, terá sido no sentido de reiterar a posição alemã, que é uma posição que nós acompanhamos", frisou Inês Domingos, diferenciando esta ação da do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que em julho se deslocou à capital russa, Moscovo, para se encontrar com o Presidente russo.
Já questionada sobre a decisão norte-americana, de autorizar pela primeira vez a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar território da Rússia, a governante adiantou: "Portugal não tem mísseis de longo alcance nem tem armas que permitam fazer isto, portanto a situação para Portugal não se coloca".
A posição surge dias depois de o chanceler alemão, Olaf Scholz, ter instado Putin a retirar as tropas da Ucrânia e a negociar com Kiev, na primeira conversa telefónica que mantiveram em quase dois anos.
Esta conversa telefónica de uma hora foi o primeiro diálogo entre os dois líderes desde dezembro de 2022.
Putin não fala com a maioria dos líderes ocidentais desde 2022, quando a UE e os Estados Unidos impuseram sanções maciças à Rússia após a invasão da Ucrânia, em fevereiro desse ano.
Muitos dirigentes ocidentais, como os chefes de Estado norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, entre outros, recusam-se a falar com o Presidente russo -- com a exceção do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
No início da presidência húngara do Conselho da UE, Viktor Orbán deslocou-se presencialmente a Moscovo para se encontrar com Putin, gerando críticas e a certeza de que esta foi uma visita bilateral e não em nome do bloco comunitário.
Na altura, o chefe de governo húngaro justificou a deslocação como uma "missão de paz", após se ter também deslocado à Ucrânia, embora a Hungria tenha sido bastante cética sobre o apoio comunitário a Kiev.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e desnazificar o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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