"A liberdade de expressão, o pluralismo dos meios de comunicação, o multilinguismo, a igualdade de acesso ao saber científico e tecnológico e a possibilidade de expressão de todas as culturas, são valores inalienáveis e são considerados pela CPLP como um instrumento estratégico para o fomento do diálogo e para a construção de alianças entre civilizações", afirmou Zacarias da Costa, na sua intervenção no Fórum Global da Aliança das Civilizações da Organização das Nações Unidas (ONU), que está a decorrer em Cascais, Portugal.
O secretário executivo salientou que, num contexto global, onde os conflitos "baseados em diferenças culturais e religiosas" continuam a ser "um desafio significativo", a CPLP "tem abraçado a tarefa de ser, cada vez mais, um espaço de cooperação, fraternidade e amizade entre povos".
Povos que, segundo Zacarias da Costa, partilham não só a língua, mas também "os valores perenes da Paz, da Democracia e do Estado de Direito, dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento e da Justiça Social".
De acordo com aquele responsável, a comunidade está preocupada com o avanço inexorável da ameaça climática, o recrudescimento da fome, a dificuldade em gerar entendimentos sobre um modelo de saúde global mais seguro e participativo, a dificuldade em calibrar um modelo de transição energética sustentável, e "a imobilidade de um sistema multilateral com referenciais de governação desadequados aos desafios e exigências de um mundo que se alterou profundamente".
"Um modelo de governação global eficaz que possa fazer face a estes desafios só estará completo com o reconhecimento da contribuição inclusiva de diferentes partes interessadas, entre as quais a sociedade civil e, nomeadamente, as organizações lideradas por mulheres e jovens", defendeu.
Para Zacarias da Costa, "o papel das mulheres e dos jovens enquanto agentes fundamentais de transformação social e de construção de pontes interculturais, recomenda a sua inclusão nos processos de tomada de decisão".
O responsável da CPLP reafirmou que o momento que o mundo vive é também "uma oportunidade para o reforço do multilateralismo, das parcerias e do diálogo global", para a construção de sociedades "mais resilientes, inclusivas e equitativas, que sejam capazes de prevenir conflitos e gerar respostas solidárias para os desafios" que se lhes colocam.
Realçou o compromisso assumido da CPLP de "unir a sua voz à causa da promoção do diálogo intercultural, com a consciência de que as culturas do mundo constituem património comum da humanidade e devem ser reconhecidas e consolidadas em benefício das gerações presentes e futuras".
Até quarta-feira, Cascais acolhe o 10.º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), no Centro de Congressos do Estoril, contando com a presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, e de dezenas de ministros dos Negócios Estrangeiros, altos funcionários de várias organizações internacionais e vários ex-chefes de Estado e de Governo.
O fórum comemora o 20.º aniversário da fundação da Aliança das Civilizações e tem por objetivo fazer o balanço dos esforços realizados ao longo das duas últimas décadas, com vista a planear o futuro da iniciativa.
A cerimónia de abertura do Fórum, hoje, contou com as intervenções de António Guterres, do Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, do Rei de Espanha, Felipe VI, e do alto representante para a UNAOC, Miguel Ángel Morantinos, entre outros.
A CPLP integra como Estados-membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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