"Não queremos dizer que estamos satisfeitos com 44 mil mortes. Esses números preocupam-nos, principalmente os de pessoas que estão a morrer em resultado de não estarem a fazer tratamento e, se estão, não o fazem corretamente", disse o secretário executivo do Conselho Nacional do Combate à Sida, Francisco Mbofana, em conferência de imprensa, antecipando o dia mundial da luta contra VIH/Sida, que se assinala anualmente em 01 de dezembro.
O Governo moçambicano estimou em 2,4 milhões o número de pessoas vivendo com VIH/Sida no país, segundo dados de 2023, em que igualmente se registaram 81 mil novas infeções, uma redução comparando com estatísticas de 2022, com 97 mil novos casos.
Aponta-se as províncias de Sofala e Zambézia (centro do país), e de Nampula (na região norte) como as que registam índices elevados de novas infeções, enquanto Tete (centro) apresenta números mais baixos.
"Posso confirmar que ano após ano há uma redução de novas infeções, mas não é suficiente para termos o controlo da doença de forma rápida. O número de novas infeções preocupa-nos muito, quando temos meios para as evitar", avançou Mbofana que pede envolvimento de todos na luta contra o vírus.
As estatísticas do Governo indicam ainda que no ano passado 10% do total das mulheres grávidas com VIH transmitiram o vírus para as suas crianças. "O nosso desejo era ter zero crianças nascendo com VIH", afirmou Francisco Mbofana.
Para reduzir o número de novas infeções e de mortes pela doença, o Governo está a realizar um inquérito visando compreender os níveis de estigma com o objetivo de combatê-lo e de mobilizar mais pessoas a testar e iniciar tratamento ao VIH.
"Estigma e discriminação criam muitos entraves à nossa resposta ao VIH, limitando acesso à prevenção e tratamento, limitando acesso aos serviços mais amplos de saúde sexual e reprodutiva e também limitando acesso ao tratamento a tuberculose, que é uma doença comum em pessoas que vivem com VIH", defendeu Francisco Mbofana.
"O estigma e discriminação fazem com que os que têm infeção progridam rapidamente para a doença, então, se queremos reduzir o número de pessoas que morrem, temos que eliminar o estigma e discriminação como barreiras importantes", concluiu o responsável, referindo que estas são uma "violação de direitos humanos".
A plataforma da Sociedade Civil para Saúde (Plasoc-M) alertou em 25 de novembro para cobranças ilícitas, insuficiência de profissionais de saúde e de equipamentos nas unidades sanitárias como "barreiras" para combater a tuberculose e do VIH/Sida em Moçambique.
"São barreiras que nós consideramos importantes para a melhoria da qualidade de serviços, como a questão das cobranças ilícitas que se repetem e este é um assunto antigo no nosso país e insuficiência de profissionais de saúde nas unidades sanitárias", disse a presidente do conselho de direção da Plasoc-M, Gilda Jossias.
O número de mortes por VIH/sida em Moçambique baixou para 48.000 em 2022, comparado aos cerca de 50 mil óbitos registados em 2021, anunciou o Governo moçambicano em 22 de junho de 2023 .
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