Rússia quer discutir com novas autoridades futuro das suas bases na Síria

A Rússia admitiu hoje que quer discutir com as futuras autoridades sírias a questão das suas bases militares na Síria, na sequência da queda do Presidente Bashar al-Assad, um aliado de Moscovo.

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© GAVRIIL GRIGOROV/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
09/12/2024 10:50 ‧ 09/12/2024 por Lusa

Mundo

Síria

"Este é o tema das discussões com aqueles que estarão no poder na Síria", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.

 

Peskov disse que a Rússia está a fazer "tudo o que é possível e necessário para entrar em contacto com aqueles que podem garantir a segurança" das bases em Tartus (naval) e Khmeimim (aérea), na costa do Mar Mediterrâneo.

O porta-voz presidencial russo ressalvou que ainda "é demasiado cedo" para tratar do futuro das bases.

"Agora, vemos que estamos a viver um período de transformação, de extrema instabilidade. Portanto, vai levar tempo. E depois será necessária uma conversa séria com aqueles que serão investidos no poder", afirmou.

O canal turco NTV noticiou hoje que a Turquia vai ajudar a Rússia a retirar as tropas russas que permaneceram na Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad.

A Rússia, juntamente com o Irão, era o principal apoiante externo de Bashar al-Assad, que fugiu para Moscovo, onde o Presidente Vladimir Putin lhe concedeu asilo político.

"O mundo inteiro ficou surpreendido com o que aconteceu [na Síria]. Nós não somos exceção", acrescentou Peskov.

A Rússia tem duas bases estrategicamente importantes no noroeste da Síria: um aeródromo em Hmeimim, na província de Latakia, e uma base naval em Tartus, capital da província com o mesmo nome e porta de entrada para o Mar Mediterrâneo.

O Governo russo declarou as bases "em alerta vermelho" no domingo, segundo a agência espanhola Europa Press.

O presidente da Comissão de Defesa da Duma (câmara baixa do parlamento), Andrei Kartapolov, afirmou hoje que não existia qualquer ameaça iminente para as bases e que os militares nas duas bases continuavam a "cumprir as suas funções".

Kartapolov avisou que as tropas russas responderão a qualquer ataque.

Mas, "atualmente, não existem questões problemáticas, a segurança está totalmente garantida", afirmou Kartapolov, citado pela agência russa Interfax.

O Kremlin já tinha dito no domingo que os líderes dos rebeldes "garantiram a segurança das bases militares e das missões diplomáticas russas em território sírio".

Nos últimos dias, meios de comunicação ucranianos e ocidentais noticiaram que aviões e navios russos tinham abandonado o país árabe, segundo a agência espanhola EFE.

A Marinha russa realizou manobras entre 01 e 03 de dezembro no Mediterrâneo Oriental.

A base aérea de Khmeimim contava desde 2015 com dezenas de caças, caças-bombardeiros e helicópteros de assalto, que também operavam a partir dos aeródromos de Homs e Palmira.

A base naval de Tartus, a única fora das fronteiras da Rússia e na qual Moscovo investiu enormes quantias de dinheiro desde 2012, albergava vários navios de guerra, incluindo fragatas, de acordo com a EFE.

Ambas as bases são consideradas estratégicas para as operações militares russas no Médio Oriente e nos países do Sahel, uma faixa entre o Atlântico, a oeste, e o Mar Vermelho, a leste, e entre o deserto do Sara, a norte, e o Sudão, a sul.

[Notícia atualizada às 11h38]

Leia Também: Síria. Diplomacia apela à formação de um governo inclusivo em Damasco

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