Repórteres Sem Fronteiras criticam suspensão da Al Jazeera na Cisjordânia

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) qualificou hoje de "ilegal" e de "censura inaceitável" a suspensão do canal de televisão Al Jazeera, do Qatar, na Cisjordânia, pela Autoridade Nacional Palestiniana (ANP).

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Lusa
02/01/2025 18:49 ‧ há 2 dias por Lusa

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"Esta censura inaceitável é ilegal, uma vez que a decisão não foi tomada por uma autoridade judicial", comentou a RSF, com sede em Paris, num breve comunicado.

 

A organização apelou, por isso, à ANP para que "levante a proibição temporária das emissões da Al Jazeera na Cisjordânia".

A Autoridade Palestiniana anunciou a suspensão na noite de quarta-feira depois de quase um mês de confrontos entre as forças de segurança da ANP e as milícias afiliadas ao Hamas no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, que provocaram 11 mortos e que a Al Jazeera noticiou.

A ANP acusou o canal televisivo de "incitar à sedição" e "interferências" nos seus assuntos, indicando que a suspensão permanecerá em vigor "até que o estatuto legal do canal seja resolvido".

A decisão da ANP foi condenada ainda pela Associação da Imprensa Estrangeira em Israel e nos territórios palestinianos ocupados, que afirmou hoje que a ação "levanta sérias questões sobre a liberdade de imprensa e os valores democráticos na região".

Um funcionário da Al Jazeera na Cisjordânia ocupada confirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) que o escritório do canal em Ramallah foi informado da sua suspensão na quarta-feira.

O canal do Qatar denunciou hoje esta suspensão, afirmando que ocorreu numa altura "em que a Autoridade Palestiniana está a tentar dissuadir a Al Jazeera de cobrir o agravamento dos acontecimentos nos territórios palestinianos ocupados" e depois de "uma campanha de intimidação" levada a cabo contra os seus jornalistas.

A Al Jazeera, que defende a neutralidade do seu trabalho, disse hoje que a suspensão das suas atividades constituiu "uma tentativa de esconder a realidade no terreno nos territórios ocupados, particularmente em cidades como Jenin e o seu campo de refugiados".

O Hamas, no poder na Faixa de Gaza e o grande rival do Fatah de Mahmoud Abbas, classificou a suspensão da Al Jazeera como uma "violação flagrante da liberdade de imprensa" e um "ato repressivo destinado a silenciar as vozes dissonantes".

Também a Jihad Islâmica protestou contra a suspensão de atividades e transmissões da Al Jazeera.

Israel já tinha decidido, em maio passado, proibir a emissão da Al Jazeera e encerrar os seus escritórios no país, resultado de um conflito de longa data entre o canal e o governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que se agravou com a guerra que dura há quase 15 meses na Faixa de Gaza.

O exército israelita acusou repetidamente os jornalistas da Al Jazeera de serem "agentes terroristas" em Gaza afiliados no Hamas, autores de um ataque sem precedentes a 07 de Outubro de 2023 em Israel que desencadeou a guerra.

Leia Também: ONU pede reversão da suspensão da Al Jazeera pela Palestina

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