Governo francês condena celebrações pela morte de Le Pen

O Governo francês condenou hoje as celebrações públicas em várias cidades francesas pela morte do líder da extrema-direita francesa, Jean-Marie Le Pen, que morreu na terça-feira aos 96 anos, considerando-as inaceitáveis.

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Lusa
08/01/2025 15:02 ‧ há 15 horas por Lusa

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Óbito/Jean-Marie Le Pen

"Uma vez morto, o inimigo tem o direito de ser respeitado", declarou a porta-voz do Governo, a conservadora Sophie Primas, na conferência de imprensa que se seguiu no final do Conselho de Ministros.

 

Sophie Primas parafraseou assim o próprio Jean-Marie Le Pen, que formulou esta frase em 2019 após o falecimento de Jacques Chirac, antigo Presidente francês e o seu rival nas eleições presidenciais de 2002, quando a extrema-direita chegou à segunda volta e ocorreu um impulso ao movimento nacional-populista em toda a Europa.

A porta-voz disse estar ciente da "violência, das ofensas e das coisas inaceitáveis" do fundador do partido Frente Nacional (criado em 1972 e rebatizado como União Nacional, RN), cujo discurso contra a imigração e o multiculturalismo originou várias condenações, mas deixou claro que os 'slogans' e as atitudes nas celebrações de terça-feira à noite eram inaceitáveis.

Na manifestação mais numerosa, na Place de la Republique em Paris, pelo menos mil pessoas, a maioria jovens ligados a movimentos de esquerda, acenderam foguetes e brindaram com champanhe.

A condenação da porta-voz segue-se à do ministro do Interior, o conservador Bruno Retailleau, que na terça-feira à noite afirmou que "nada justifica dançar sobre o cadáver de um homem" e considerou "vergonhosas" as cenas de folia dos cidadãos.

As autoridades francesas detiveram sete pessoas numa concentração em Lyon e três em Paris na noite de terça-feira, acusadas de desordem pública.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, não comentou a morte de Jean-Marie Le Pen, cuja filha Marine Le Pen é a atual líder da extrema-direita francesa e favorita para vencer as eleições presidenciais de 2027, caso venha a candidatar-se.

Em nome do chefe de Estado francês, foi feita uma breve declaração garantindo que "a história julgará" o trabalho do líder de extrema-direita e que o Presidente expressa "as suas condolências à sua família e entes queridos".

Contrariamente à discrição do Eliseu, o primeiro-ministro centrista, François Bayrou, foi fortemente criticado pela esquerda por declarações consideradas condescendentes em relação a Jean-Marie Le Pen, a quem reconheceu um forte caráter.

Mathilde Panot, líder na Assembleia Nacional Francesa da França Insubmissa (LFI, esquerda radical e principal partido de aliança de esquerda), disse não estar surpreendida com as celebrações de "uma juventude que continua mobilizada contra a Frente Nacional".

"Jean-Marie Le Pen é um inimigo da República, condenado mais de 30 vezes, aquele que disse que as câmaras de gás eram um pormenor. Não era apenas um adversário político", acrescentou a dirigente de esquerda.

Ao mesmo tempo, surgiram nas redes sociais vídeos dos anos 70 e 80 que mostram Jean-Marie Le Pen em pessoa, por vezes com correligionários, a atacar ou a insultar rivais políticos.

Leia Também: Franceses festejam morte de Le Pen nas ruas. Funeral será no sábado

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