Em comunicado, o procurador, Oumar Mahamat Kedelaye, afirmou que "um grupo de indivíduos mal-intencionados, composto por 24 pessoas armadas, simulou uma avaria num veículo e aproveitou a situação para atacar os guardas de serviço em frente ao portão da Presidência da República".
Durante o ataque, que ocorreu por volta das 19h45 (18h45 em Lisboa) "os assaltantes mataram dois soldados e feriram gravemente outros cinco (...) e tentaram entrar nas instalações da instituição", disse.
"Dezoito atacantes foram neutralizados pelas forças de defesa e segurança. Foram registados seis feridos entre os atacantes, que deram entrada no hospital para tratamento", prosseguiu.
"Estes atos extremamente graves constituem, de acordo com o direito penal, crimes de homicídio, lesão intencional, tentativa de ataque à ordem constitucional, ataque às instituições do Estado, segurança do Estado, conspiração contra o Estado e participação num movimento insurrecional", sublinhou.
Kedelaye acrescentou que "já foram abertas investigações para procurar e identificar todos os instigadores, autores materiais, co-autores e cúmplices destes atos", a fim de os deter e "aplicar todo o peso da lei".
O porta-voz do Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, Abderaman Koulamallah, disse também na televisão, às primeiras horas da manhã, que entre os 24 atacantes, todos chadianos, 18 foram mortos e seis ficaram feridos, embora apenas um soldado tenha sido confirmado morto e três outros feridos.
Segundo o porta-voz, os atacantes eram "pessoas drogadas, sem armas de guerra [armas de fogo], provenientes de um bairro de N'Djamena", que "estavam armados com armas brancas" e tinham na sua posse várias garrafas de álcool e droga.
Os atacantes chegaram ao palácio presidencial num autocarro que parecia ter avariado mesmo em frente ao recinto, saíram e esfaquearam quatro guardas, um dos quais morreu, acrescentou.
"Conseguiram penetrar, a curta distância, no interior do palácio presidencial. Um dos guardas começou a disparar. Isso alertou os outros guardas nas proximidades", indicou.
Depois de um forte tiroteio ter lançado o alarme em N'Djamena, o porta-voz disse que a situação estava sob controlo.
Koulamallah desmentiu as informações publicadas pelo 'site' Tchad 24, que, citando como fonte a Agência Nacional de Segurança (ANSE, serviço de informações), noticiou tratar-se de membros do grupo terrorista nigeriano Boko Haram, que por vezes efetua ataques na zona chadiana do Lago Chade (oeste), na fronteira com a Nigéria.
O porta-voz do Governo não esclareceu se o Presidente do Chade, Mahamat Idriss Déby Itno, se encontrava no palácio durante o incidente.
O ataque ocorreu horas depois de Déby Itno ter recebido no palácio o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, que chegou ao Chade vindo da República Popular do Congo no âmbito da sua visita a África esta semana.
Em 29 de dezembro, o país realizou eleições legislativas, provinciais e locais pacíficas, sem grandes incidentes, as primeiras desde 2011.
No entanto, a oposição boicotou as eleições, considerando-as ilegítimas e não livres e justas.
Déby Itno, de 40 anos, assumiu o poder em 20 de abril de 2021 após a morte do pai, o também marechal Idriss Déby Itno, morto em combates com grupos rebeldes, segundo a versão oficial.
O filho foi imediatamente nomeado Presidente de transição e liderou o país durante este período de três anos, durante o qual reprimiu, por vezes violentamente, a oposição antes de ser eleito.
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