Em comunicado durante a visita oficial a Itália do ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, o seu gabinete observou que, "até agora, as nomeações governamentais, militares e de segurança não têm representação minoritária" da Síria e "são dominadas por islamistas", referindo-se aos rebeldes da Organização de Libertação do Levante, Hayat Tahrir al-Sham, HTS).
A diplomacia israelita comentou, por outro lado, que acolheu "declarações que indicam que a Síria não tem intenção de prosseguir o conflito com Israel", numa altura em que as forças israelitas ocuparam território dentro do país, após a queda do regime de Bashar al-Assad, em 08 de dezembro.
A presença israelita em território sírio para lá da fronteira partilhada e da zona desmilitariza é motivo de preocupação para os países árabes e parceiros internacionais que participaram no domingo numa reunião sobre a Síria em Riade, com foco nas sanções contra Damasco, que pendiam sobre o regime de Assad e continuam em vigor.
Há pouco mais de um mês, após a queda do ditador sírio no seguimento de um golpe de uma coligação de grupos armados rebeldes, liderada pelo HTS, Israel posicionou as suas tropas no lado sírio do Monte Hermon e ultrapassou a zona-tampão desmilitarizada junto dos Montes Golã.
Os sírios protestaram contra o reforço de tropas israelitas e instaram a comunidade internacional a travar o seu avanço no seu território, referindo que Israel ainda ocupa os Montes Golã, que anexou após a guerra de 1967.
Na quarta-feira, o Governo de transição sírio solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que interrompa a "ingerência estrangeira" no país e que "os atores externos não procurem os seus próprios benefícios contra os interesses do povo sírio".
O embaixador sírio em Nova Iorque, Koussay Aldahhak, dedicou a maior parte do seu discurso a apelar a todos os atores externos para que cessassem a interferência no seu país, citando pelo nome apenas um dos estados que interferiram nos assuntos sírios: Israel.
No entanto, também o norte do país continua em conflito, protagonizado por forças apoiadas pela Turquia e grupos armados curdos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a presença de soldados israelitas na Síria constitui uma violação do acordo territorial assinado em 1974.
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