"A prisão está repleta de memórias de extrema crueldade. É incrível o que os seres humanos podem fazer uns aos outros. Só posso esperar, do fundo do coração, que sirva de lição para a Síria recuperar das suas feridas. Para o mundo também, para que esta crueldade não se repita", sublinhou Volker Türk hoje em comunicado.
Em Sednaya, situada nos arredores de Damasco e construída na década de 1980, registaram-se torturas, maus-tratos e outros abusos contra "inimigos" do regime de Bashar, muitos deles ainda nas listas de desaparecidos.
Segundo o gabinete de Volker Türk, cerca de 1.000 de detidos foram executados na prisão de Sednaya.
Türk encontrou-se na terça-feira com uma pessoa que esteve detida na prisão, por suspeita de querer desertar da força aérea.
"Saltaram para as nossas costas, uma pessoa bateu-me enquanto outra me interrogava. (...) Quando chegámos aqui, ficámos sem roupa durante quatro dias", contou.
O Alto-comissário, que visitará a Síria e o Líbano de 14 a 16 de janeiro, deverá reunir-se com autoridades, representantes da sociedade civil, diplomatas e funcionários da ONU no terreno, em ambos os países.
É a primeira visita de um Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos à Síria, um país onde a queda do regime de Bashar al-Assad aumentou as esperanças de um fim para quase 14 anos de conflito civil.
Após 14 anos de guerra, que fez mais de meio milhão de mortos e forçou a fuga de milhões de pessoas, incluindo para a Europa, os rebeldes liderados pelo grupo radical islâmico Hay'at Tahrir al-Sham depuseram o Presidente Bashar al-Assad do poder em 08 de dezembro.
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