Moçambique. Queixa-crime contra comandante da polícia que agrediu mulher

O Centro para Democracia e Desenvolvimento submeteu hoje à Procuradoria uma queixa-crime contra um comandante da polícia que agrediu uma mulher durante a manifestação de um grupo que contestava a investidura do novo Presidente moçambicano.  

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Lusa
16/01/2025 12:33 ‧ há 4 horas por Lusa

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"Há, pelo menos, dois crimes identificados. Primeiro é o crime de ofensas corporais e o outro é de coação física, com a intenção de injuriar", declarou à comunicação social André Mulungo, editor do boletim do Centro para Democracia e Direitos Humanos, Organização Não-Governamental (ONG), momentos após submeter o documento à Procuradoria-Geral, em Maputo.

 

A vítima foi agredida na quarta-feira com uma bofetada na face pelo comandante de um grupo de agentes da Unidade de Intervenção Rápida e, posteriormente, atingida, diversas vezes, por um bastão por um outro agente, na presença de diversas cadeias televisivas internacionais que cobriam as operações da polícia para desmobilizar um grupo de manifestantes que contestava, a cerca de 300 metros do local da investidura, no centro de Maputo, a posse do novo Presidente da República, Daniel Chapo.

"A intenção não era só injuriar, mas também lançar uma mensagem para todas as pessoas que estavam ali à volta dando conta de que qualquer movimento podia ser respondido na mesma dimensão e na mesma proporção", acrescentou Mulungo.

As imagens da agressão, amplamente difundidas nas redes sociais, geraram uma onda de solidariedade, com populares, na presença da própria vítima, a marcharem até a casa do comandante num dos bairros de Maputo para protestar contra a violência. 

Durante a operação nos arredores da Praça da Independência, a polícia recorreu a disparos e gás lacrimogéneo para desmobilizar um grupo de manifestantes que, empunhando cartazes de apoio ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, insistia em concentrar-se em frente ao Banco de Moçambique, bloqueados pela polícia.

A intervenção da polícia foi sentida no local da tomada de posse e, no final da cerimónia, novos disparos, para desmobilizar grupos de manifestantes, foram ouvidos no centro da cidade, enquanto os convidados deixavam a Praça da Independência.

As forças de segurança moçambicanas já tinham dispersado, à bastonada, outro grupo de dezenas de manifestantes que gritavam "Mondlane", também a cerca de 300 metros do local onde o novo Presidente tomou posse, no centro da capital.

Em 23 de dezembro, Chapo, de 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional (CC) como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de 09 de outubro, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a Frelimo também venceu.

A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane - que segundo o CC obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória - a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que já provocaram mais de 300 mortos e mais de 600 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.

Leia Também: Moçambique? "Há uma grande disposição de todos para haver um diálogo"

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