Starmer admite que "Estado falhou" na proteção de crianças mortas

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, admitiu esta segunda-feira que "o Estado falhou" na proteção de três crianças mortas, uma delas portuguesa, no ano passado durante um ataque por um jovem sob vigilância e prometeu "exigir respostas". 

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Lusa
20/01/2025 18:06 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Reino Unido

Axel Rudakubana, 18 anos, declarou-se hoje culpado no Tribunal Penal de Liverpool do homicídio de três crianças de seis, sete e nove anos, incluindo a portuguesa Alice da Silva Aguiar, em 29 de julho.

 

Num comunicado, Starmer solidarizou-se com as famílias e descreveu o arguido como "vil e doentio", saudando a notícia de que será condenado.

"É também um momento de trauma para o país e há questões sérias a responder sobre a forma como o Estado falhou no seu dever último de proteger estas jovens raparigas", vincou.

"O Reino Unido vai exigir respostas, e com razão", acrescentou. 

Hoje, o jornal The Guardian noticiou que Rudakubana foi recomendado para ser acompanhado várias vezes pelo programa governamental Prevent, que pretende evitar que jovens ou pessoas vulneráveis sejam radicalizadas e se tornem violentas.

A primeira vez terá sido em 2019, quando o visado tinha apenas 13 anos de idade, e os professores ficaram preocupados com a sua obsessão por massacres em escolas. 

Dois anos mais tarde, foi novamente identificado após a expulsão da escola secundária devido ao fascínio com os ataques terroristas, como os cometidos em Londres em 2017.

No entanto, segundo o jornal, não foi encaminhado porque se considerou que ele não representava um risco de terrorismo.

Axel Rudakubana tinha 17 anos quando cometeu o ataque usando uma faca em que matou três crianças e feriu outras 10 pessoas, incluindo oito crianças com idades entre os sete e 13 anos. 

Durante a investigação também se descobriu que tinha na sua posse ricina, uma substância tóxica, e um manual de treino do grupo terrorista Al-Qaeda.

A polícia disse que os esfaqueamentos não foram classificados como atos de terrorismo porque o autor não explicou os seus motivos.

No entanto, a procuradora, Ursula Doyle, afirmou que era claro que ele tinha um "interesse doentio e sustentado na morte e na violência".

O deputado populista de direita Nigel Farage acusou hoje as autoridades de encobrirem esta situação por se terem recusado a revelar esta informação imediatamente após o sucedido. 

Num vídeo publicado numa rede social, o líder do Partido Reformista queixa-se de ter sido vilipendiado por ter questionado na altura sobre a identidade do jovem e se já estava sob vigilância das autoridades, e que foi impedido de levantar o assunto no parlamento. 

"E por me atrever a fazer uma pergunta que o público merecia saber e devia saber, e que, se soubesse, poderia ter impedido muita da especulação na internet que levou a tumultos à escala a que assistimos, não me foi dada qualquer resposta", lamentou. 

No dia seguinte ao ataque, e pouco depois de uma vigília pacífica pelas vítimas, um grupo violento atacou uma mesquita perto do local do crime, atirou tijolos e garrafas aos agentes da polícia e incendiou viaturas policiais.

Na origem dos protestos terão estado rumores de que o suspeito era um requerente de asilo que tinha chegado recentemente ao Reino Unido de barco, o que era falso.

Os tumultos violentos alastraram a dezenas de outras cidades ao longo da semana seguinte, quando grupos mobilizados por ativistas de extrema-direita nas redes sociais entraram em confronto com a polícia e atacaram hotéis que alojavam migrantes.

Mais de 1.200 pessoas foram detidas por causa dos distúrbios e centenas foram condenadas a penas de prisão até nove anos.

Leia Também: Polónia reforça cooperação em matéria de defesa entre o Reino Unido e a UE

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