Intervenção policial trava viaturas que passavam sem pagar portagem em Maputo

A polícia fechou hoje à tarde uma via destinada ao pagamento eletrónico na portagem de Maputo da N4, principal acesso à capital, após dezenas de viaturas a utilizarem para não pagar, num dia de forte contestação à retoma da cobrança.

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Lusa
23/01/2025 16:24 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Moçambique

Cerca das 16h00 locais (menos duas horas em Lisboa), com dezenas de carros a manobrarem e a entrarem naquela via lateral às portagens, desativada, para evitarem o pagamento, um blindado da Unidade de Intervenção Rápida da polícia foi colocado no local, bloqueando o acesso, constatou a Lusa.

 

Antes, várias dezenas de automobilistas, aproveitando e continuando os protestos violentos da manhã, faziam manobras arriscadas no local para aceder à via sem cobrança, conseguindo passar sem pagar, o que durou cerca de 30 minutos, até à intervenção da polícia.

Ao final da manhã, a polícia recorreu a vários disparos para reabrir os acessos à portagem de Maputo da N4, bloqueada desde as primeiras horas por manifestantes que contestavam a retoma da cobrança.

Cerca das 10:30, após a retirada, pela polícia, dos pesados que bloqueavam o acesso, grupos de jovens concentraram-se junto à portagem, tentando impedir a normalização da circulação, com a polícia a realizar vários disparos para desmobilizar nos minutos seguintes, a que reagiam atirando pedras, inclusive às viaturas que passavam.

Após a intervenção da polícia, grupos de jovens tentaram repetir o bloqueio no acesso da Matola a Maputo, impedindo camiões, ações contrariadas pela polícia.

Manifestantes cortaram esta manhã por completo, durante mais de uma hora, após horas de tensão e bloqueis parciais, os acessos à portagem de Maputo, principal entrada e saída da capital moçambicana, com barricadas e veículos pesados atravessados, contestando a retoma de cobrança, depois de semanas de suspensão devido aos protestos pós-eleitorais.

A circulação começou a ser reposta ao final da manhã, mas nas portagens era visível na altura que só pagava quem queria, com algumas cancelas abertas, cenário que já não se repetiu à tarde, com os veículos obrigados a parar para pagar.

Perante um forte reforço policial, os manifestantes queimaram durante a manhã pneus para contestar a retoma na cobrança de portagens na N4, que liga Maputo à fronteira da África do Sul, explorada pela concessionária sul-africana Trans African Concessions (TRAC), que anunciou que retomaria hoje o pagamento, suspenso nas últimas semanas na sequência dos protestos pós-eleitorais.

Face à dificuldade de circulação, incluindo transportes, centenas de pessoas percorreram a pé, durante toda a manhã, o caminho até ao centro da capital.

A TRAC construiu e opera a via rápida N4 que liga Tshwane, Gauteng (África do Sul) e o porto de Maputo (Moçambique) com um contrato de 30 anos - iniciado há 27 anos - com o Governo moçambicano, no troço nacional de cerca de 90 quilómetros, até à fronteira de Ressano Garcia.

O então candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou em dezembro ao não pagamento de portagens no país, sendo que, após a destruição e vandalização de algumas cabines de cobrança, várias foram fechadas, sem receber pagamentos.

Entretanto, num documento publicado na terça-feira com 30 medidas que exige para os próximos 100 dias, Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro, voltou a apontar a não cobrança de portagens em todo o país como exigência.

"Na N4 as portagens, pelo tempo de vida que já têm, cumpriram com tempo de rentabilidade face ao investimento efetuado", refere no documento, exigindo a extensão do não pagamento de portagens neste período, alegando, também, que em várias vias com portagens no país "não houve consulta pública" sobre essa cobrança e "não se respeitou o princípio da via alternativa".

As manifestações pós-eleitorais em Moçambique, convocadas por Venâncio Mondlane, provocaram desde 21 de outubro 314 mortos e mais de 600 baleados, segundo organizações no terreno, como a plataforma eleitoral Decide, além de confrontos violentos com a polícia, saques e destruição de equipamentos públicos e privados.

Daniel Chapo, candidato presidencial apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), foi declarado vencedor das eleições e tomou posse como quinto Presidente da República em 15 de janeiro.

Leia Também: Polícia dispara para reabrir principal acesso a Maputo

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