Médicos Sem Fronteiras relatam "devastação em grande escala" em Rafah

As equipas dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) testemunharam uma "devastação em grande escala" em Rafah, na sua primeira deslocação ao sul da Faixa de Gaza desde maio, no seguimento do cessar-fogo que entrou em vigor no domingo.

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© EYAD BABA/AFP via Getty Images

Lusa
24/01/2025 18:18 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Ainda é muito perigoso para as pessoas regressarem à maioria das áreas", alertou hoje o coordenador de apoio de emergência da MSF, Pascale Coissard, que relata a existência de projéteis de artilharia não detonados espalhados entre os restos dos edifícios.

 

Segundo a organização não-governamental, as operações terrestres das forças israelitas, que começaram em 06 de maio do ano passado, levaram ao "abandono total de Rafah", bem como à "destruição em massa da cidade e ao encerramento da passagem fronteiriça" com o Egito.

As equipas das MSF foram igualmente forçadas a fugir para salvar as suas vidas.

A organização relata que o nível de destruição é tão elevado que muitos dos habitantes, vendo que as suas casas já não estão de pé, decidem voltar ao grande campo de refugiados de al-Mauasi, na costa do enclave.

Vastas áreas de Rafah, como o bairro de Tal al-Sultan, são incompatíveis com uma existência normal.

"Esta zona é horrível, é apenas um monte de escombros", descreveu a coordenadora de apoio médico das MSF, Nadia Abo Mallouh.

"Nem conseguimos reconhecer as ruas onde estava o hospital dos Emirados. É triste ver um hospital que já foi uma tábua de salvação, completamente vazio, sem sinais de vida, tudo destruído", prosseguiu.

Segundo o Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), a Faixa de Gaza precisará de pelo menos dez anos para limpar terrenos minados por explosivos, dando conta da chegada de ajuda a um milhão de habitantes desde o início do cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.

Apesar de um "expressivo aumento da entrada de ajuda" desde domingo, a OCHA alertou na quinta-feira que "algumas prioridades neste momento são o manuseamento de escombros, a recuperação de corpos e o combate à contaminação por material bélico explosivo".

Estas medidas são apontadas como fundamentais para permitir "a movimentação segura da população, o fluxo de assistência e o restabelecimento de serviços essenciais".

No centro e sul da Faixa de Gaza, as distribuições mensais de cestas alimentares completas foram retomadas, referiu a OCHA, acrescentando que "o volume, as porções e o conteúdo das refeições nas cozinhas comunitárias foram reformulados e as padarias subsidiadas pela ONU estão prestes a reabrir".

Além disso, o fornecimento de combustível permitiu a retomada do funcionamento de poços de água, centrais de dessalinização e bombas de esgoto, prossegue o escritório de coordenação da ONU, indicando igualmente o início de obras de reparação de estradas e infraestruturas hídricas.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informou pelo seu lado que crianças e famílias estão a encontrar "destruição total e o colapso das infraestruturas" ao depararem-se com as casas que tiveram que abandonar no norte do enclave.

A OCHA também destaca "o padrão traumático da separação forçada de crianças e famílias" e a necessidade de continuar a localizar menores não acompanhados.

Numa primeira fase, o acordo de cessar-fogo prevê a troca de reféns na Faixa de Gaza por prisioneiros palestinianos em cadeias israelitas, a retirada das forças de Israel de grande parte das zonas populacionais do território e um expressivo reforço da entrada de ajuda humanitária.

As fases seguintes do acordo serão negociadas durante a vigência de 42 dias da primeira.

O conflito em Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou cerca de 47 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

Leia Também: Israel vai manter forças de segurança em Rafah

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