O encerramento é uma consequência da rutura das relações diplomáticas bilaterais após o Chile ter contestado os resultados oficiais das últimas eleições presidenciais venezuelanas, que atribuíram um terceiro mandato consecutivo a Nicolás Maduro.
"Ontem [quinta-feira], o Ministério de Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela solicitou aos consulados chilenos em Caracas e Puerto Ordaz que cessassem os seus serviços consulares como consequência da suspensão das relações diplomáticas entre os dois países. Por conseguinte, a partir de hoje, estes consulados estarão encerrados", explicou a diplomacia chilena num comunicado.
No documento, o Governo do Chile disse lamentar esta situação que afeta milhares de chilenos na Venezuela e a cidadãos venezuelanos que necessitam de atenção consular, e informou que está a avaliar diversas alternativas disponíveis para garantir o apoio necessário aos chilenos radicados no país.
Em 29 de julho de 2024, um dia depois do escrutínio presidencial, a Venezuela anunciou a retirada do seu pessoal diplomático de sete países latino-americanos, em protesto contra o que classificou como ingerência dos governos que contestaram a reeleição de Nicolás Maduro nas presidenciais, tal como a oposição.
Segundo defendeu na altura Caracas, a posição assumida pelos sete governos (Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai) "minou a soberania nacional" e por isso solicitou aos diplomatas venezuelanos que abandonassem os países em questão.
Em 22 de agosto de 2024, o Presidente do Chile criticou a confirmação pelo Tribunal Supremo de Justiça venezuelano da reeleição do Presidente Nicolás Maduro, questionada pela oposição e por numerosos países.
Gabriel Boric afirmou na ocasião que a decisão da alta instância judicial "consolidava a fraude".
"O regime de Maduro acolhe obviamente com entusiasmo a decisão que será marcada pela infâmia", sustentou na altura na rede social X, criticando "uma ditadura que falseia eleições, reprime quem pensa diferente".
Em 27 de agosto de 2024, o Governo da Venezuela acusou os executivos de Argentina, Chile, Equador, Peru e Uruguai de serem "fascistas", por questionarem os resultados oficiais das últimas eleições presidenciais.
Já em 05 de janeiro de 2025, o Chile anunciou que decidiu pôr termo à missão do embaixador chileno na Venezuela, Jaime Gazmuri, devido à situação pós-eleitoral e à continuidade de Nicolás Maduro no poder.
"Após a expulsão do pessoal diplomático chileno de Caracas [no seguimento do não reconhecimento dos resultados oficiais das eleições presidenciais], em agosto último, tem-se verificado uma crescente falta de abertura que, juntamente com o agravamento da crise, tem impedido o desenvolvimento de um diálogo bilateral eficaz", referiu então uma nota da diplomacia chilena.
Nicolás Maduro foi empossado a 10 de janeiro no parlamento como Presidente da Venezuela para um terceiro mandato (2025-2031), depois de ter sido declarado vencedor das eleições de 28 de julho de 2024 pelo Conselho Nacional Eleitoral, mas até agora o calendário oficial não foi totalmente cumprido, uma vez que não são conhecidos os resultados por centro de votação e por mesa de voto, tal como estabelecido pelo próprio organismo eleitoral.
A oposição maioritária na Venezuela, agrupada na Plataforma Democrática Unida, afirma ter recolhido "85% dos registos eleitorais", publicados num 'site', como prova da vitória do seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, apesar de o regime os classificar como "falsos".
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