"Expliquei-lhe muito bem a história da nossa luta e da nossa vitória contra o Trem de Arágua e quem o levou para a Colômbia e como as pessoas que o levaram para a Colômbia fizeram chegar esse bando criminoso aos EUA", disse Maduro, na sexta-feira, em Caracas, na sede do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, durante a cerimónia de início das atividades judiciais em 2025.
Maduro acusou os ex-presidentes da Colômbia Álvaro Uribe e Iván Duque de, em conjunto com os opositores venezuelanos Leopoldo López e Juan Guaidó, promoverem uma invasão da Venezuela para assassinar altos dirigentes do país, civis e militares "e assaltar o poder pela violência".
"Espero que haja justiça na Colômbia. Espero que haja justiça na Venezuela. E gostaria que houvesse justiça nos Estados Unidos, que se julgue as pessoas que têm planos criminosos contra um país pacífico como a Venezuela", disse.
Sobre o encontro com o enviado especial do novo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Maduro explicou que houve "uma conversação franca, direta, aberta".
"Nós praticamos a diplomacia bolivariana da paz. E se quiserem falar, nós sempre falaremos. E quem quiser bater à porta, nós sempre a abriremos. Expus muito claramente toda a visão da Venezuela (...). Há questões sobre as quais chegámos a acordos iniciais. E à medida que forem sendo cumpridos, abrir-se-ão novas questões", disse.
"Estamos a avançar para um novo começo de relações históricas, em que o que tiver de ser retificado que se retifique. E o que tiver de ser feito será feito, no quadro do respeito, de relações em pé de igualdade (...). Nós não somos nem nunca fomos antiamericanos. Nós somos anti-imperialistas, e isso é diferente. Queremos um mundo sem impérios, sem hegemonia. Um mundo de iguais, em que os pequenos países valham tanto como os grandes", disse Maduro.
Segundo a organização não governamental Transparência Venezuela o "Trem de Arágua", tem mais de quatro mil membros e é a maior e mais poderosa organização criminosa venezuelana, que conseguiu expandir as suas atividades para outros países do continente, entre eles a Colômbia, o Peru, o Brasil, o Chile, o Equador, a Bolívia e a Costa Rica.
O grupo surgiu em 2013, possui armas de guerra e uma estrutura hierárquica definida. Tem a sua origem nos sindicatos de trabalhadores que trabalharam na construção de um projeto ferroviário que ligaria o centro-oeste do país e que nunca foi concluído.
O Centro Penitenciário de Arágua, mais conhecido como prisão de Tocorón, converteu-se na sua base de operações.
Atualmente liderado por Héctor Rutherford Guerrero Flores, mais conhecido por "Niño Guerrero", o Trem de Arágua foi criado por Johan José Romero,, que agora opera desde as minas de ouro do estado de Bolívar (sudeste da Venezuela) e José Gabriel Álvarez Rojas, alias "Chino Pradera", falecido em 2016 num confronto com a polícia.
O Trem de Arágua está acusado de crimes relacionados com a mineração ilegal, o tráfico de droga, seres humanos e armas, o contrabando de sucata metálica, extorsão, sequestro, homicídios e roubos.
Segundo o 'think tank' norte-americano InSight Crime, os primeiros indícios da internacionalização do Trem de Arágua surgiram em 2018, coincidindo com o primeiro pico da crise migratória, quando mais de um milhão de venezuelanos abandonaram o país, escapando da crise política, económica e social.
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