"Ataque inimigo a Izium. De acordo com dados preliminares, os ocupantes utilizaram um míssil balístico", escreveu o governador da região de Kharkiv, Oleg Synegubov, na plataforma digital Telegram, acrescentando que se tratava de um míssil Iskander.
Segundo um balanço atualizado fornecido por Synegubov, cinco pessoas foram mortas neste ataque e 50 ficaram feridas, entre as quais três menores.
O responsável indicou que o míssil "atingiu o centro" da cidade, que tinha mais de 40.000 habitantes antes da guerra, e "destruiu parcialmente" o edifício da Câmara Municipal.
"A maioria das vítimas são funcionários do departamento de finanças, do serviço de menores, do departamento de polícia, de uma faculdade de Medicina e de outras instituições", acrescentou.
"É impossível aceitarmos esta crueldade. Temos de pressionar a Rússia, usar toda a força possível - a força das armas, a força das sanções, a força da diplomacia - para pôr fim ao terror", reagiu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Telegram.
Izium, situada a uma centena de quilómetros da capital regional, Kharkiv, foi ocupada pelas forças russas em abril de 2022, até estas serem expulsas por uma contraofensiva ucraniana, em setembro do mesmo ano.
Mais a leste, as tropas russas conseguiram nas últimas semanas criar um acesso à ponte na margem ocidental do rio Oskil, prosseguindo o seu lento avanço contra um Exército ucraniano confrontado com escassez de recrutas e de armamento.
No sábado, um ataque com mísseis e 'drones' (aeronaves não-tripuladas) russos fez 14 mortos no centro e no leste da Ucrânia, segundo as autoridades locais, uma das maiores ofensivas das últimas semanas.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
As Forças Armadas ucranianas confrontaram-se, durante o terceiro ano de guerra, com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram depois a concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
A novidade é que, agora, também o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer território: na segunda-feira, declarou querer que a Ucrânia dê aos Estados Unidos terras raras, ricas em minerais essenciais para inovações tecnológicas, que vão desde veículos elétricos e turbinas eólicas a aviões de última geração, em troca da ajuda militar que Washington lhe está a fornecer.
Antes de regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial, Trump defendeu o fim imediato da guerra na Ucrânia, asseverando que o conseguiria em 24 horas, mas não foi bem-sucedido até à data.
Declarou estar à espera de falar com o Presidente russo, Vladimir Putin, para "acabar com a guerra" na Ucrânia, mas na passada sexta-feira voltou a ser evasivo sobre se falou ou não com Putin.
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