A frágil coligação no poder nos Países Baixos tem estado em desacordo há meses sobre a legislação com vista a diminuir os pedidos de asilo no país.
No parecer emitido hoje e há muito aguardado, o Conselho de Estado, o principal órgão consultivo do país, foi crítico e aconselhou o Governo a não apresentar a atual versão do projeto de lei ao parlamento.
Neste parecer consultivo não vinculativo, o Conselho de Estado afirmou que era pouco provável que o projeto de lei reduzisse o número de requerentes de asilo e que aumentaria a pressão sobre os funcionários dos serviços de imigração e os tribunais.
Wilders, deputado e líder do Partido da Liberdade (PVV, extrema-direita), defendeu que a legislação proposta deveria ser apresentada "rapidamente e sem alterações", rejeitando o parecer agora conhecido dos "burocratas não eleitos".
Por seu lado, Diederik Boomsma, deputado do partido da coligação Novo Contrato Social (NSC), sugeriu que o projeto de lei, apresentado pela ministra do Asilo e da Migração do PVV, Marjolein Faber, poderia "simplesmente ser alterado".
Em resposta, Wilders escreveu na rede social X (antigo Twitter), dirigindo-se ao NSC e ao líder do partido, Pieter Omtzigt: "Estão a brincar com o fogo. Não há mais alterações (...) ou os eleitores poderão ter uma palavra a dizer".
Depois de vencer as eleições de novembro de 2023, o PVV tem o maior número de deputados da coligação e poderia provocar uma crise política e novas eleições caso saísse.
O primeiro-ministro neerlandês, Dick Schoof, ainda não comentou o parecer, mas na sexta-feira tinha adiantado que a avaliação do órgão consultivo deve "ser sempre levada a sério".
O Governo está agora de olhos postos no projeto de lei, para ver se o envia ao parlamento sem alterações ou se arrisca uma reação intempestiva de Wilders ao introduzir alterações.
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