Eleições na Alemanha: Principais figuras das legislativas de dia 23

Migrações, uma recessão económica a entrar no terceiro ano e a subida da extrema-direita dominam as eleições legislativas antecipadas na Alemanha, que se realizam no dia 23 de fevereiro.

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© Marcus Brandt/picture alliance via Getty Images

Lusa
11/02/2025 08:24 ‧ há 5 horas por Lusa

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Alemanha/Eleições

As sondagens apontam que será o líder conservador, Friedrich Merz, a suceder ao social-democrata Olaf Scholz à frente do Governo, mas a União Democrata-Cristã (CDU) precisará de parceiros de coligação.

 

Eis as principais figuras que concorrem ao lugar de chanceler:

Olaf Scholz

Com 66 anos, o líder do Partido Social-Democrata (SPD) recandidata-se ao cargo de chanceler, depois da queda, no final do ano passado, da coligação tripartida (conhecida como "coligação-semáforo"), com os Verdes e os liberais do FDP, que se desfez após desentendimentos sobre o afrouxamento das rígidas regras da dívida alemã.

Antes, foi ministro do Trabalho e, mais tarde, vice-chanceler e ministro das Finanças em governos de coligação SPD/CDU liderados por Angela Merkel. O seu desempenho na área económica e a forma pragmática com que lidou com a crise da pandemia de covid-19 renderam-lhe elogios e altos índices de aprovação.

Sob a liderança de Scholz, a Alemanha tornou-se o maior fornecedor de ajuda europeu à Ucrânia, após a invasão da Rússia, há três anos.

No domingo passado, num frente-a-frente tenso com o líder da CDU, e favorito nas sondagens, Friedrich Merz, disse que já não podia confiar no seu adversário, que acusou de ter rompido o "cordão sanitário" à extrema-direita, ao ter aceitado os votos da Alternativa para a Alemanha (AfD) em propostas para endurecer a imigração, mas o SPD continua a ser um potencial parceiro para reeditar um governo de coligação com a CDU. 

Friedrich Merz

A CDU tem estado sempre à frente nas sondagens, com intenções de voto a rondar os 30%, o que faz do seu líder, Friedrich Merz, 69 anos, o provável próximo chanceler alemão.

Histórico rival de Angela Merkel, Merz só foi eleito líder da CDU à terceira tentativa. Em 2010, foi demitido da presidência do grupo parlamentar por Merkel e abandonou a política, envolvendo-se no mundo das finanças, onde fez fortuna.

Abandonou a postura mais ao centro de Merkel e inclinou-se para a direita. Concorre às eleições sob o lema "Uma Alemanha de que nos podemos orgulhar novamente".

Entre as suas promessas, estão o polémico endurecimento da imigração, a redução de impostos e o corte de 50 mil milhões de euros em despesas sociais, numa tentativa de relançar a economia alemã, há dois anos em recessão. Prometeu também reforçar a ajuda à Ucrânia.

Apesar das críticas dos restantes partidos tradicionais e da própria Merkel e de manifestações com centenas de milhares de pessoas a condenar a aproximação à extrema-direita, Merz não perdeu popularidade. "Subimos nas sondagens. Não pode ter sido assim tão errado", defendeu-se.

Alice Weidel

Lésbica, com uma companheira originária do Sri Lanka e dois filhos adotivos e residente na Suíça, a candidata a chanceler e co-líder da AfD -- juntamente com Tino Chrupalla -, tem um perfil atípico no seu campo político.

Com 45 anos, Alice Weidel é apelidada de "dama de ferro" e disse no passado que o seu modelo era a antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e a sua reestruturação forçada da economia do Reino Unido.

A AfD surge em segundo lugar nas sondagens, com 20% a 22% das intenções de voto, mas não parece ter hipótese de governar, uma vez que os restantes partidos recusam coligações com a extrema-direita.

Recebeu apoio explícito do multimilionário Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX, que lhe deu plataforma na sua rede social X. Num debate com Musk, descreveu Adolf Hilter como "comunista" e "socialista", o que lhe valeu acusações de revisionismo histórico.

A candidata da extrema-direita apoia plenamente a ideia de expulsão em massa de estrangeiros: "Digo muito honestamente que, se tiver de se chamar remigração, então chamar-se-á remigração", disse, defendendo abertamente este termo altamente controverso.

Propõe acabar com as sanções impostas à Rússia na sequência da invasão da Ucrânia e defende a saída da Alemanha da União Europeia.

Os apoiantes aplaudem-na com o 'slogan' "Alice für Deutschland" ("Alice para a Alemanha"), que soa semelhante a um 'slogan' nazi proibido, "Alles für Deutschland" ("Tudo para a Alemanha").

Robert Habeck

O candidato dos Verdes teve um papel fundamental no governo cessante de Scholz, como vice-chanceler e ministro da Economia.

Com 55 anos, Habeck é o centro da campanha dos Verdes, que gozam de 12% a 14% das intenções de votos, disputando o terceiro lugar com o SPD de Scholz. Mas a popularidade do candidato é superior: as sondagens colocam-no em segundo lugar, atrás de Merz, como escolha para liderar o país, com 24%.

Com uma posição firme no apoio à Ucrânia, é também um defensor fervoroso da União Europeia.

Os Verdes, tal como o SPD, pretendem introduzir um fundo público especial de financiamento da dívida para modernizar as infraestruturas da Alemanha e fazer a transição do país para a neutralidade. Perante críticas, o partido recuou em algumas das suas políticas climáticas mais duras.

A sua relação com Merz é distante, após ter criticado a aproximação à extrema-direita do líder conservador, mas os Verdes mantém-se como potenciais parceiros da CDU.

Sahra Wagenknecht

Sahra Wagenknecht, dissidente do partido A Esquerda, de que tinha sido uma das figuras mais destacadas, fundou, há um ano, a BSW, aliança com o seu nome, considerada "conservadora de esquerda".

Polémica, a candidata de 55 anos assume posições anticapitalistas, pacifistas e pró-russas, e, quanto à imigração, aproxima-se da extrema-direita. Critica a suposta arrogância das elites e um militarismo ocidental considerado perigoso.

Numa entrevista à agência AFP em setembro, Wagenknecht reconheceu que "Vladimir Putin lançou uma guerra contrária ao direito internacional", ao mesmo tempo que considerou que "o Ocidente tem a sua quota-parte de responsabilidade", por não ter "levado a sério as preocupações de segurança da Rússia".

Depois dos bons resultados nas eleições regionais, o BSW estabeleceu-se como árbitro nos parlamentos dos Länder (estados) da Turíngia e de Brandemburgo, o único parceiro possível dos partidos políticos que não queriam acordos com a extrema-direita.

A nível nacional, no entanto, o apoio à formação da esquerda populista parece estar a abrandar: em setembro, as sondagens previam até 10% dos votos, mas atribuem agora uma intenção de votos de 5%, o limiar para entrar no Bundestag (câmara baixa do parlamento).

O partido tem apenas 1.100 membros e cerca de 25.000 apoiantes registados e em muitas regiões ainda não possui estruturas.

Leia Também: Eleições na Alemanha: Quais os cenários para um futuro governo alemão?

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