"O facto de mais de 40% do financiamento para a desminagem e para a remoção de material explosivo ter desaparecido de um dia para o outro é dramático para nós e para o nosso trabalho", afirmou o secretário-geral da ONG, Raymond Johansen, num comunicado.
"Mas o maior custo é pago pelas crianças, pelos agricultores e pelas comunidades locais afetadas pelas minas em todo o mundo", acrescentou Johansen.
A Norsk Folkehjelp conduz atualmente operações de desminagem em 21 países, emprega cerca de 3.200 pessoas e terá recebido 460 milhões de coroas norueguesas (39 milhões de euros) de fundos públicos norte-americanos em 2024.
Em consequência da suspensão desta ajuda, descrita como "uma das pedras angulares" das operações de desminagem, a ONG diz ter sido "forçada" a despedir 1.700 funcionários em 12 países, como a Ucrânia, o Afeganistão, o Iraque e o Camboja.
"A suspensão do apoio à desminagem e à remoção de engenhos explosivos não dificultará apenas as atividades atuais. Atrasará e, no pior dos casos, poderá inverter os enormes progressos que o mundo, liderado pelos Estados Unidos, tem feito no combate a estas armas terríveis", sublinhou o secretário-geral.
"Isto impedirá que as pessoas possam regressar e, segundo os nossos cálculos, terá consequências graves para até meio milhão de pessoas em países como o Iraque, o Iémen, o Laos e o Vietname", salientou Johansen.
Desde o seu regresso à presidência dos Estados Unidos em janeiro, Donald Trump congelou a ajuda externa de Washington, com exceção dos apoios ao Egito e a Israel, tendo a USAID, a agência norte-americana para o desenvolvimento internacional, sido praticamente desmantelada.
No final de janeiro, a Norsk Folkehjelp anunciou a suspensão das suas atividades em 13 países, devido às decisões da nova administração norte-americana.
Na segunda-feira, outra ONG escandinava, o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC), anunciou igualmente a suspensão das suas atividades em cerca de 20 países até ao final de fevereiro, se os EUA mantiverem os apoios suspensos.
Depois de ter recebido quase 20% do seu financiamento dos EUA em 2024, o NRC indicou que "milhões de dólares" de pedidos de pagamento estão atualmente pendentes na administração norte-americana.
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