"Não acho que deva ser visto como algo que será pormenorizado ou como um passo em direção a algum tipo de negociação", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, em declarações à comunicação social.
O Kremlin (presidência russa) anunciou hoje que representantes de Moscovo e de Washington vão reunir-se na terça-feira em Riade, na Arábia Saudita, para discutir a normalização das relações bilaterais, os preparativos para uma cimeira entre os dois presidentes e futuras conversações de paz sobre a Ucrânia.
Nesse sentido, as palavras da porta-voz norte-americana vão contra as proferidas hoje pelo chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, que disse que irá deslocar-se a Riade para ouvir as propostas dos Estados Unidos da América (EUA) para retomar o diálogo entre os dois países e descartou a Europa como parceiro negocial na resolução do conflito na Ucrânia, admitindo desta forma que a guerra entre Moscovo e Kyiv está também na agenda das conversações.
"Quando vamos negociar sob propostas dos nossos parceiros, a primeira coisa que queremos fazer é ouvi-los", disse Serguei Lavrov numa conferência de imprensa, após um encontro com o homólogo sérvio, Marko Djuric.
Na semana passada, durante uma conversa telefónica, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Donald Trump, concordaram na necessidade de deixar para trás as tensões e a turbulência que têm marcado as relações entre as duas grandes potências nos últimos anos, durante os quais essencialmente não comunicaram, exceto em certas questões técnicas e humanitárias.
"E os presidentes concordaram que é necessário retomar o diálogo sobre todas as questões que, de uma forma ou de outra, podem ser resolvidas com a participação da Rússia e dos Estados Unidos", sublinhou Lavrov.
Entre elas, o chefe da diplomacia russa mencionou a resolução do conflito na Ucrânia, a situação no Médio Oriente e "uma série de outras regiões do mundo que não estão atualmente num estado muito calmo".
"Por isso, vamos ouvir os nossos interlocutores norte-americanos e, claro, estaremos prontos para reagir. Informaremos os nossos líderes, que tomarão decisões sobre os próximos passos", resumiu.
Sobre o conflito ucraniano, Lavrov afirmou que os EUA "podem ajudar a resolver o problema".
"Não escondemos o facto de que essa ajuda é perfeitamente possível. Além disso, os Estados Unidos têm desempenhado um papel importante na crise ucraniana desde o início", explicou.
Lavrov, no entanto, rejeitou o envolvimento dos países europeus num processo de resolução, que acusou de utilizarem o congelamento do conflito como subterfúgio para a continuação da guerra.
"Não sei o que estão a fazer à mesa das negociações", disse.
"Se [os europeus] vierem para a mesa de negociações com a intenção de continuar a guerra, então porque é que os havemos de convidar?", declarou ainda Serguei Lavrov.
Por ordem de Putin, a Rússia será representada por Lavrov e pelo conselheiro do Kremlin Yuri Ushakov, que partirão ainda hoje para Riade, disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, já se encontra na capital saudita, no âmbito do seu primeiro périplo pelo Médio Oriente.
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