Zelensky "ditador"? Europa defende "presidente democraticamente eleito"

As palavras do presidente norte-americano foram condenadas por vários líderes europeus (e não só), que fizeram questão de lembrar que Zelensky foi "democraticamente eleito".

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© TETIANA DZHAFAROVA/POOL/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
20/02/2025 22:58 ‧ ontem por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

A relação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Volodymyr Zelensky, arrefeceu na quarta-feira, com o republicano a descrever o seu homólogo ucraniano como um "ditador sem eleições" numa altura em que se aproxima da Rússia para negociar o fim da guerra.

 

As palavras do presidente norte-americano foram condenadas pelos países ocidentais, que fizeram questão de lembrar que Zelensky foi "democraticamente eleito", ao "contrário de Vladimir Putin".

A troca de acusações começou na quarta-feira, quando Trump considerou o presidente da Ucrânia um "ditador sem eleições", numa resposta à afirmação de Zelensky de que Trump estava a ser influenciado pela desinformação russa.

"Pense nisso, um comediante modestamente bem-sucedido, Volodymyr Zelensky, convenceu os Estados Unidos da América a gastar 350.000 milhões de dólares [cerca de 336.000 milhões de euros] para entrar numa guerra que não poderia ser vencida, que nunca teve de começar, mas uma guerra que ele, sem os EUA e 'Trump', nunca será capaz de resolver", disse o chefe de Estado norte-americano sobre o homólogo ucraniano, que era muito popular na televisão antes de concorrer ao cargo.

"Os Estados Unidos gastaram mais 200.000 milhões de dólares (cerca de 192.000 milhões de euros) do que a Europa, cujo dinheiro é garantido, enquanto os Estados Unidos não recebem nada em troca", acrescentou Trump, atirando que Zelensky é "um ditador sem eleições".

Trump acusa Zelensky de ser

Trump acusa Zelensky de ser "um ditador sem eleições"

As acusações surgem depois do presidente ucraniano ter dito que Donald Trump está "preso numa bolha de desinformação".

Notícias ao Minuto | 16:12 - 19/02/2025

Na base da acusação está o facto de a Ucrânia ter adiado as eleições previstas para abril de 2024 devido à invasão russa, iniciada a 24 de fevereiro de 2022.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, foi dos primeiros a reagir à acusação de Trump, considerando ser "errado e perigoso" que o presidente norte-americano negue a "legitimidade democrática" a Zelensky.

É "simplesmente errado e perigoso negar ao presidente Zelensky a sua legitimidade democrática", reagiu Olaf Scholz à revista Spiegel, argumentando que o "facto de não se poderem realizar eleições regulares no meio de uma guerra está conforme as disposições da Constituição ucraniana e das leis eleitorais".

Por sua vez, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, afirmou que, se Trump "não se limitasse a 'tweetar', mas a ver o mundo real, saberia quem na Europa tem, infelizmente, de viver em condições ditatoriais: o povo da Rússia, o povo da Bielorrússia".

Durante uma conversa com Zelensky, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, defendeu que o ucraniano é "um líder democraticamente eleito" e disse ser "perfeitamente razoável suspender as eleições em tempos de guerra, como o Reino Unido fez na Segunda Guerra Mundial".

Também o gabinete do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, frisou que "o presidente Volodymyr Zelensky tomou posse após eleições devidamente realizadas".

Já esta quinta-feira, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, deixou uma indireta ao presidente norte-americano, ao anunciar uma visita a Kyiv para "reafirmar o apoio ao heroico povo ucraniano e ao presidente democraticamente eleito".

"Na segunda-feira, 24 de fevereiro, assinala-se o terceiro aniversário da invasão russa em grande escala da Ucrânia. Decidi estar em Kyiv para essa ocasião, com Ursula Von der Leyen, para reafirmar o nosso apoio ao heroico povo ucraniano e ao presidente democraticamente eleito, Volodymyr Zelensky", escreveu.

À semelhança de António Costa, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, também anunciou que estará em Kyiv, na segunda-feira, para "reafirmar o apoio de Espanha à democracia ucraniana e ao presidente Zelensky".

Também o presidente francês, Emmanuel Macron, saiu em defesa do seu homólogo ucraniano, defendendo, numa conversa com internautas nas redes sociais, que Zelensky "é um presidente eleito por um sistema livre", o que "não é o caso de Vladimir Putin, que há muito mata os seus opositores e manipula as suas eleições".

Fora da Europa, o presidente do Brasil, Lula da Silva, acusou Trump de querer "armar-se em imperador do mundo" e pediu-lhe para "respeitar a soberania" dos países.

"A democracia, conquistada após a Segunda Guerra Mundial, é um parâmetro e um exemplo da melhor governação que tivemos nos últimos 70 anos, mas através da sua forma de agir, Trump está a tentar armar-se em imperador do mundo", disse Lula numa entrevista a uma rádio local, a Rádio Tupi.

Apesar de não mencionar diretamente Zelensky ou o conflito na Ucrânia, Lula reiterou que é "importante respeitar a soberania de cada país, porque isso fortalece a democracia".

Lula da Silva acusa Trump de querer

Lula da Silva acusa Trump de querer "armar-se em imperador do mundo"

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou hoje o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, de querer "armar-se em imperador do mundo" e pediu-lhe para "respeitar a soberania" dos países.

Lusa | 14:06 - 20/02/2025

Recorde-se que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

Leia Também: Macron vai a Washington segunda-feira e Starmer na quinta-feira

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