Em relatório enviado para a Casa Branca, Lee Zeldin, defendeu a revisão de um entendimento da EPA que determina que os gases com efeito de estufa são uma ameaça para a saúde e bem-estar das pessoas, segundo revelaram quatro pessoas à Associated Press, na condição de anonimato, porque a recomendação não é pública.
A consagração daquele entendimento, assente em bases científicas, na Lei do Ar Limpo, é o pilar de regulações que contemplam aspetos climáticos e destinadas a veículos a motor, produção de energia elétrica e outras fontes poluidoras.
Um porta-voz da EPA recusou na quarta-feira revelar a recomendação de Zeldin, que foi feita na semana passada no seguimento de uma ordem executiva de Donald Trump.
Esta ordem, assinada no primeiro dia de Trump na Casa Branca, ordenava à EPA que apresentasse um relatório "sobre a legalidade e a continuação da aplicabilidade" daquela estipulação.
O Washington Post informou inicialmente que Zeldin tinha instado a Casa Branca a anulá-la.
Datado da era de Barack Obama na Presidência, o entendimento em causa "é o eixo das políticas do governo federal para o que o presidente e eu chamamos a mentira climática", disse Steve Milloy, um antigo conselheiro de Trump, que contesta a ciência estabelecida sobre as alterações climáticas.
"Se desligar isto, tudo o que a EPA faz sobre o clima desaparece", disse Milloy à AP.
Trump, durante uma reunião do seu governo, na quarta-feira, disse que Zeldin lhe afirmara que ia eliminar cerca de 65% dos trabalhadores da EPA. "Uma quantidade de pessoas que não estavam a fazer o seu trabalho. Eram apenas obstrucionistas", avançou Trump.
Myron Ebell, outro antigo conselheiro de Trump que tem questionado as bases científicas das alterações climáticas, declarou na quarta-feira que estava "muito excitado" com a eventual recomendação de Zeldin.
Grupos de defesa do ambiente e peritos jurídicos entendem que qualquer tentativa de anular estes entendimentos científicos tem poucas probabilidades de sucesso.
"Isto seria uma missão de tolos", disse David Doniger, um perito em clima no Natural Resources Defense Council, um grupo ambientalista. "Perante a ciência esmagadora, é impossível pensar que a EPA poderia desenvolver uma teoria contraditória que se aguentasse em tribunal".
Trump, que tem repetidamente criticado o que diz ser uma "fraude climática" promovida pelos democratas e defensores do ambiente, pode ver esta proposta como um "tiro mortal" que o autorizaria a invalidar toda a legislação sobre alterações climáticas, avançou.
Mas, contrapôs, os tribunais têm defendido a autoridade da EPA na regulação da poluição dos gases com efeito de estufa, sob a Lei do Ar Limpo.
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