"Infelizmente, o Presidente de Angola adiou a viagem, porque Angola assumiu a presidência da União Africana, uma grande responsabilidade e um grande prestígio", disse José Ramos-Horta, aos jornalistas, no aeroporto de Díli.
O chefe de Estado timorense explicou que a União Africana enfrenta alguns problemas graves, incluindo o conflito na República Democrática do Congo (RDCongo).
O Presidente angolano, que assumiu este mês a presidência rotativa de Angola na UA, mandato que se estende até fevereiro de 2026, é o mediador designado pela organização para o conflito no leste da RDCongo.
Depois de ter tomado Goma, capital da província Kivu do Norte, numa ofensiva relâmpago no final de janeiro, o M23, movimento apoiado pelo Ruanda, tomou também o controlo de Bukavu, da província vizinha Kivu do Sul, no domingo.
Cerca de quatro mil soldados ruandeses estão presentes no leste da RDCongo e os últimos combates já causaram quase três mil mortos, segundo a ONU.
Kinshasa acusa o vizinho de "ambições expansionistas" e de querer pilhar os ricos recursos destas duas províncias, algo negado por Kigali, que não confirma a sua presença na RDCongo.
"É uma grande responsabilidade para Angola, como presidente da União Africana, e vai ser muito difícil o Presidente manter qualquer programa de visita para cá ou para a região. O Presidente queria ir à Austrália e à Indonésia. Muito difícil como presidente da União Africana deslocar-se até à ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiática]", afirmou José Ramos-Horta, salientando que Timor-Leste "compreende perfeitamente a situação".
O Presidente de Angola deveria realizar uma visita oficial a Timor-Leste entre 09 e 11 de março.
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