Dezenas de altos funcionários, incluindo os embaixadores de França, Alemanha e Reino Unido, abandonaram um discurso da Rússia no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na quarta-feira.
Segundo a agência de notícias Reuters, o protesto ocorreu em apoio à Ucrânia, numa altura em que decorria uma sessão para assinalar os três anos da invasão russa.
No seu discurso, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Vershinin, acusou a Ucrânia de uma "violação flagrante dos direitos humanos fundamentais", acusando-a de russofobia.
"A garantia dos direitos humanos e das liberdades é incompatível com a duplicidade de critérios", acrescentou Vershinin.
Em resposta, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Mariana Betsa, afirmou que "o agressor deve ser punido" e a "agressão não deve ser recompensada", sublinhando ainda que não devem ser feitas negociações sem a Ucrânia.
"A União Europeia deve estar presente e os EUA não devem falar sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", disse à Reuters.
Dozens of dignitaries walked out of Russia's speech to the UN Human Rights Council in Geneva in support of Ukraine https://t.co/k0M2LDqOMj pic.twitter.com/WEoiP46FmM
— Reuters (@Reuters) February 26, 2025
O embaixador britânico na ONU, Simon Manley, reiterou que o "apoio à Ucrânia é incondicional". "Queremos ver uma paz justa e duradoura, em conformidade com a Carta das Nações Unidas", disse, acrescentando que "a Ucrânia tem de estar na mesa das negociações".
Já o embaixador francês, Jerome Bonnafont, considerou que "se deixarmos passar o que aconteceu com a Ucrânia, estaremos a abrir a porta a uma desintegração dos princípios fundamentais sobre os quais a ONU foi fundada".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
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