Líder do Exército de Israel assume "responsabilidade" no 7 de outubro

O comandante do Exército israelita assumiu esta quinta-feira "total responsabilidade" por não ter evitado os ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023, após a divulgação das conclusões de uma investigação interna que aponta grandes falhas aos militares.

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© GIL COHEN-MAGEN/AFP via Getty Images

Lusa
27/02/2025 19:39 ‧ há 3 horas por Lusa

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Médio Oriente

"A responsabilidade é minha. Eu era o comandante do Exército no dia 07 de outubro e tenho total responsabilidade perante todos vós", declarou Herzi Halevi num vídeo difundido pelos militares israelitas.

 

Os resultados do relatório indicam um "fracasso total" do Exército para impedir os ataques do grupo islamita palestiniano em 07 de outubro de 2023, que mataram cerca de 1.200 pessoas no sul de Israel e fizeram 251 reféns.

O documento conclui que o ataque mais mortífero da história de Israel foi uma consequência de uma má avaliação das intenções do Hamas e das suas capacidades.

A investigação militar interna israelita descreve que os ataques ocorreram em três vagas sucessivas e que mais de cinco mil pessoas atravessaram a fronteira da Faixa de Gaza para o sul de Israel naquele dia.

O Exército "não podia imaginar" um cenário como o de 07 de outubro, comentou um dos seus oficiais à agência France-Presse (AFP) a propósito das conclusões hoje reveladas.

O mesmo oficial disse que os combatentes palestinianos liderados pelo Hamas apanharam Israel de surpresa, não só pela escala e alcance dos ataques, mas também pela sua brutalidade.

"Muitos civis morreram nesse dia a perguntar-se no seu coração ou em voz alta onde estava o Exército israelita", acrescentou.

As conclusões do documento podem pressionar o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a iniciar um inquérito mais alargado, respondendo a amplas exigências em Israel sobre a tomada de decisões políticas no âmbito dos ataques do Hamas.

Muitos israelitas acreditam que os fracassos de 07 de outubro de 2023 vão além do Exército e culpam Netanyahu por uma política falhada de dissuasão e contenção nos anos que antecederam os ataques.

O primeiro-ministro não assumiu responsabilidades, dizendo que só responderá a perguntas difíceis depois da atual guerra na Faixa de Gaza.

Apesar da pressão pública, incluindo das famílias das cerca de 1.200 pessoas mortas nos ataques de 07 de outubro e das 251 feitas reféns, Netanyahu resistiu aos apelos para uma comissão de inquérito.

Já hoje, o chefe do Governo acusou o Exército de lhe esconder os resultados das suas investigações.

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou a Halevi que envie todas as investigações militares internas até fevereiro de 2025 e disse que não aprovará a nomeação de novos oficiais generais até lá.

Halevi, que anunciou a sua intenção de se demitir em meados de janeiro, defendeu num discurso que era necessário um inquérito público sobre os erros que levaram aos ataques do Hamas.

"As investigações militares dizem apenas respeito às FDI [Forças de Defesa de Israel] e não cobrem todas as razões e áreas que poderiam impedir a repetição destes eventos", disse o comandante do Exército na altura.

Halevi indicou ainda que uma comissão pública de inquérito ou "qualquer ator externo" receberia total cooperação do Exército.

O responsável militar deverá deixar o cargo no dia 6 de março.

As principais revelações hoje conhecidas destacam que as forças mais poderosas e bem preparadas de Israel na região interpretaram mal as intenções do Hamas e estavam totalmente despreparadas para os ataques de surpresa de milhares de combatentes fortemente armados às primeiras horas da manhã de um importante feriado judaico.

Um equívoco central era de que o Hamas, que tomou o controlo da Faixa de Gaza em 2007, estava mais interessado em manter o território do que em lutar contra Israel.

Dados dos serviços de informações israelitas obtidos após os ataques mostraram que o Hamas esteve perto de organizar a ofensiva em três ocasiões anteriores, mas adiou-a por razões desconhecidas, referiu uma autoridade militar citada pela agência Associated Press (AP).

O responsável militar israelita realçou que as informações mostram que Yahya Sinwar, um dos mentores do 07 de outubro e que foi morto em outubro passado, começou a planear a ofensiva em 2017.

Em retaliação aos ataques do Hamas, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 48 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo extremista, e destruiu o enclave palestiniano.

As partes chegaram a um acordo de cessar-fogo que entrou em vigor em 19 de janeiro, mas a dois dias do término da primeira de três fases ainda não foram negociados os termos da segunda, que deveria pôr termo à guerra.

Leia Também: Atropelamento em Israel faz 13 feridos. Alegado atacante foi morto

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