Em Juba, a capital, dezenas de crianças em idade escolar desmaiaram devido às temperaturas, o que levou o Governo a fechar as escolas e a aconselhar os residentes a ficarem em casa e a manterem-se hidratados, segundo a WWA.
A WWA refere que muitas das casas no Sudão do Sul são de chapa, o que aquece ainda mais o seu interior, num país onde os habitantes "têm uma cruel falta de água e eletricidade".
Esta situação aumenta o desafio num país onde muitas pessoas trabalham ao ar livre e onde muitas casas têm telhados de lata, sem ar condicionado, indicou o estudo.
"As alterações climáticas estão claramente a tornar a vida ainda mais difícil no Sudão do Sul, um país que já enfrenta desafios económicos e períodos de instabilidade", declarou Kiswendsida Guigma, climatologista da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho no Burkina Faso e coautor do estudo.
Desde que se tornou independente em 2011, o Estado mais jovem do mundo tem sido afetado por lutas pelo poder, corrupção e conflitos étnicos. Estes problemas são agravados por catástrofes climáticas.
Em 2024, o país sofreu as piores inundações das últimas décadas, que obrigaram à deslocação de 380.000 pessoas até novembro, segundo as Nações Unidas.
Vagas de calor tornaram-se dez vezes mais prováveis devido às alterações climáticas, de acordo com a WWA, que estuda as relações entre as alterações climáticas e os fenómenos meteorológicos extremos.
"As alterações climáticas significam que as ondas de calor perigosas, superiores a 40 graus, estão a tornar-se a nova norma no Sudão do Sul", explicou Sarah Kew, também autora do estudo e investigadora do Instituto Meteorológico dos Países Baixos.
A recolha de água, a confeção de alimentos e outras tarefas domésticas habitualmente realizadas pelas mulheres expõem-nas particularmente ao calor, salientou a investigação.
Prevê-se que o calor persista durante todo o mês de março, de acordo com o estudo, que se baseia em projeções.
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