O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, um dos membros de cuja equipa inadvertidamente incluiu o jornalista nessa discussão confidencial, escreveu na mesma plataforma: "Não há locais. Sem fontes ou métodos. SEM PLANOS DE ATAQUE", numa tentativa de desacreditar a publicação, na terça-feira, pela prestigiada revista, de uma mensagem retirada desta conversa na plataforma digital Signal e que pormenorizava os ataques aéreos dos Estados Unidos contra os rebeldes Huthis no Iémen.
Hoje, a revista norte-americana divulgou capturas de ecrã de mensagens do secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth - com o calendário exato dos ataques planeados contra o grupo rebelde iemenita aliado do Irão e as armas a utilizar -, enviadas duas horas antes dos ataques de 15 de março, numa discussão de grupo no Signal.
Depois de o Governo do Presidente Donald Trump ter afirmado, na terça-feira, que as trocas de impressões sensíveis entre altos responsáveis que a revista tinha relatado no dia anterior não estavam protegidas pelo segredo de Defesa, The Atlantic publicou hoje novo artigo com mais informação sobre o caso.
"Não havia pormenores, não havia nada que comprometesse [a operação] e não teve qualquer impacto no ataque, que foi um grande êxito", comentou Trump numa entrevista hoje divulgada concedida ao 'podcaster' Vince Coglianese.
"NÃO eram planos de guerra", reagiu também a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, lançando uma resposta agressiva e altamente coordenada na rede social X (antigo Twitter).
"Está a mentir para sustentar um NOVO embuste", escreveu o chefe de gabinete adjunto da Casa Branca, Taylor Budowich, referindo-se à The Atlantic.
Donald Trump já tinha minimizado esta fuga de informação na terça-feira, descrevendo-a como uma simples "falha" denunciada por um jornalista "perverso".
"Não foi partilhada qualquer informação classificada" neste grupo de discussão, declarou também na terça-feira a diretora dos serviços secretos dos Estados Unidos, Tulsi Gabbard.
"Eles mentiram. Claro que mentiram", reagiu hoje na rede social X um democrata sénior, Pete Buttigieg, antigo secretário dos Transportes.
No novo artigo, a revista conta que, após estas declarações, contactou os responsáveis governamentais, afirmando que as mensagens não eram ultrassecretas, para lhes perguntar se concordavam com a publicação de mais mensagens, mais precisas do que as referidas no primeiro artigo.
A Casa Branca opôs-se, indicou The Atlantic, que, no entanto, publicou o essencial das trocas de mensagens, ocultando apenas o nome de um agente da CIA (agência norte-americana de serviços secretos externos).
"12:15 -- DESCOLAGEM dos F-18 (primeiro grupo de ataque)", escreveu o chefe do Pentágono aos outros membros do grupo a 15 de março.
"O alvo terrorista está na sua área conhecida, por isso DEVEMOS CHEGAR A TEMPO - e também, início dos ataques de 'drones' (MQ-9)", acrescentou, num estilo telegráfico.
E ainda: "15:36 - F-18 início do segundo ataque - e também, lançamento dos primeiros Tomahawks do mar".
Os F-18 são aviões de combate norte-americanos, o MQ-9 é um 'drone' (aeronave não-tripulada) de combate norte-americano e os Tomahawks são mísseis de cruzeiro.
Os Huthis afirmam que estes ataques norte-americanos mataram cerca de 50 pessoas e feriram uma centena.
Na terça-feira, Donald Trump tinha apenas afirmado que Mike Waltz "provavelmente" se absteria, "no futuro imediato", de voltar a utilizar o sistema de mensagens privadas Signal.
Desde segunda-feira, a oposição democrata tem atacado o Governo de Trump por causa deste caso. O senador Mark Warner, em particular, condenou a "atitude negligente, imprudente e incompetente" dos membros da equipa do Presidente republicano.
A organização não-governamental American Oversight, que luta por uma maior transparência nos assuntos públicos, levou vários dos altos responsáveis em causa a tribunal, alegando que violaram a legislação sobre comunicações oficiais ao utilizarem o Signal.
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