"A Rússia opõe-se sistematicamente à militarização injustificada de qualquer território, com consequências perigosas para a paz e a segurança de certas regiões", declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, numa conferência de imprensa.
Zakharova disse que a posição russa se aplica "plenamente à área altamente sensível do Oceano Índico", segundo a agência francesa AFP.
Afirmou também que "as aspirações militaristas da administração do presidente francês, Emmanuel Macron, vão muito além da União Europeia".
A crítica da diplomacia russa coincidiu com a cimeira realizada hoje em Paris sobre a Ucrânia, convocada por Macron, que anunciou no final que os aliados europeus decidiram enviar uma força militar para o país invadido pela Rússia em caso de paz.
Os aliados decidiram também não aliviar as sanções contra a Rússia, ao contrário do que Moscovo exigiu para aceitar uma trégua no Mar Negro em negociações mediadas pelos Estados Unidos.
Mayotte é um departamento francês no Oceano Índico, cuja soberania é reivindicada pelas Comores, um país independente de França desde 1975.
Zakharova referia-se a declarações feitas pelo ministro dos Territórios Ultramarinos francês, Manuel Valls, no Parlamento Europeu, no início de março.
Segundo a porta-voz da diplomacia russa, Valls falou de um "projeto de construção" de uma nova base militar no arquipélago localizado entre Moçambique e Madagáscar.
Valls mencionou no Parlamento Europeu o futuro "apoio à base naval francesa existente" em Mayotte, bem como o "apoio aos navios da Marinha francesa".
No entanto, não mencionou a criação de uma nova base, tal como a sua comitiva disse à AFP na altura.
As Comores, país vizinho, criticaram o projeto.
A porta-voz da diplomacia russa afirmou ainda que segundo o direito internacional, Mayotte "pertence à União das Comores".
Zakharova considerou que a base militar foi utilizada sobretudo para assegurar "o controlo de um território ultramarino detido ilegalmente", considerando-a "um dos últimos vestígios da era colonial".
Quando as Comores declararam a independência, Mayotte optou por continuar a fazer parte de França em dois referendos, em 1974 e 1976, segundo a AFP.
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