Rumeysa Ozturk, de 30 anos, estudante de doutoramento na Universidade de Tufts, tinha sido transferida de Massachusetts quando o seu advogado foi a tribunal e um juiz ordenou que fosse mantida no estado, disseram hoje os advogados do Governo dos EUA num documento judicial.
Os advogados argumentam que Ozturk - que foi detida na terça-feira, pouco depois de sair de casa em Somerville - foi transferida para um centro de detenção do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA em Basile, Louisiana.
Um porta-voz do Departamento de Segurança Interna disse que as autoridades federais detiveram Ozturk e revogaram o seu visto depois de uma investigação ter descoberto que a mulher se tinha "envolvido em atividades de apoio ao Hamas, uma organização terrorista estrangeira que tem prazer em matar americanos".
"Um visto é um privilégio, não um direito", acrescentou o porta-voz, explicando que "glorificar e apoiar terroristas que matam americanos é motivo para que a emissão de vistos seja encerrada".
Amigos e colegas de Ozturk disseram que ela não esteve envolvida nos protestos pró-palestinianos que eclodiram nos 'campus' da universidade na primavera passada, acrescentando que o seu único ativismo conhecido foi ser coautora de um artigo de opinião num jornal estudantil que pedia à Universidade de Tufts iniciativas no sentido das exigências dos estudantes para cortar laços com Israel.
O movimento islamita palestiniano Hamas atacou Israel a 07 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fazendo cerca de 250 reféns.
A ofensiva de retaliação de Israel desencadeada deste então matou mais de 50 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, e destruiu grande parte do enclave.
A detenção de Ozturk integra-se na estratégia do Presidente Donald Trump de deportar os estudantes que, na sua perspetiva, se envolvem em "atividades pró-terroristas, antissemitas e anti-americanas", um rótulo que o Governo aplicou àqueles que criticam Israel e protestam contra a sua campanha militar em Gaza.
No início deste mês, os agentes de imigração detiveram Mahmoud Khalil, um residente legal dos EUA e ativista palestiniano que desempenhou um papel importante nos protestos na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, no ano passado, e que agora enfrenta uma possível deportação.
Outras universidades têm reportado várias detenções pelas autoridades de imigração, relacionadas com manifestações ou publicações pró-palestinianas.
Após a publicação do artigo de opinião, o nome, a fotografia e o historial de trabalho de Ozturk divulgados em redes sociais que procuram documentar pessoas que "promovem o ódio aos EUA, Israel e judeus nos campus universitários norte-americanos".
Na quarta-feira à noite, uma multidão reuniu-se em Somerville para protestar contra a detenção de Ozturk.
"É importante que todos nos lembremos do que ela escreveu e porque é que foi alvo, que é a Palestina", disse Lea Kayali, do Movimento da Juventude Palestiniana, num discurso perante os manifestantes.
"É importante que nos lembremos que isto não é novidade para as comunidades de imigrantes e não é novidade para os palestinianos", acrescentou a ativista.
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