Em declarações a partir de Rangum, a coordenadora da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Marie Manrique, confirmou a queda da ponte principal que liga Mandalay a Sagaing.
"Representará um grande desafio logístico" para aceder à população de Sagaing, alertou numa videoconferência com Genebra, na Suíça, citada pela agência espanhola EFE.
Manrique explicou que Sagaing está localizada numa área fortemente afetada pelo conflito interno na antiga Birmânia, no qual o exército e vários grupos armados irregulares têm estado envolvidos nos últimos anos.
Por esta razão, a zona alberga o maior número de pessoas deslocadas no país, referiu.
Manrique disse que há também preocupação "com uma grande barragem que está a ser monitorizada para avaliar o seu estado".
"Estamos a trabalhar com informações muito limitadas neste momento. À medida que formos avançando, saberemos mais sobre a extensão dos danos", disse Manrique.
A coordenadora da FICV em Rangum, a maior cidade e centro económico de Myanmar, admitiu que o impacto do sismo "será bastante significativo".
"A situação será pior para pessoas muito vulneráveis devido à crise prolongada no país", afirmou.
"Uma das coisas mais importantes é compreender que não são apenas os edifícios que têm fissuras e fendas que são afetados, mas também os edifícios públicos e as estruturas que ruíram. Isto inclui estradas, pontes e edifícios públicos", acrescentou.
O sismo causou pelo menos duas dezenas de mortos na capital, Naypyidaw, disse uma fonte médica à agência francesa AFP.
Também foram confirmados três mortos no colapso de um edifício em construção na capital da vizinha Tailândia, Banguecoque, onde o sismo foi sentido com intensidade.
Trata-se de balanços iniciais nos dois países, com as autoridades tailandesas a reportarem também 50 feridos e 70 pessoas desaparecidas no colapso do edifício, situado perto de um mercado popular entre os turistas.
Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse hoje à agência Lusa que não havia indicação de portugueses afetados.
O sismo de magnitude 7,7 na escala de Richter foi registado às 12:50 locais (06:20 em Lisboa) pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que registou várias réplicas, a primeira das quais de magnitude 6,4.
Ocorreu a uma profundidade de 10 quilómetros (km) e o epicentro situou-se a cerca de 17 km de Mandalay, a segunda cidade do país com 1,2 milhões de habitantes, e 270 km a norte da capital Naypyidaw.
O sismo provocou o colapso de vários edifícios e monumentos em várias partes do país do Sudeste Asiático, segundo imagens que têm sido divulgadas pela televisão estatal birmanesa.
A Junta Militar que está no poder após um golpe de Estado em 01 de fevereiro de 2021 declarou o estado de emergência em Sagaing, Mandalay, Magway, no nordeste do Estado de Shan, Naypyidaw e Bago.
Os militares também lançaram um raro apelo internacional de ajuda.
O sismo também foi sentido com intensidade em várias cidades do sul da província chinesa de Yunnan, embora até agora os danos registados tenham sido pouco significativos, segundo a EFE.
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