"Esperamos que os próximos dias tragam verdadeiros progressos à situação após a intensificação nos últimos dias dos contactos com e entre os mediadores", declarou o porta-voz do Hamas, Bassem Naïm, citado pela agência de notícias francesa AFP.
Fontes palestinianas próximas do Hamas tinham indicado que as conversações haviam começado na quinta-feira à noite em Doha, entre o movimento e os mediadores do Egito e do Qatar, para obter um cessar-fogo e um acordo para libertar os reféns, mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza desde o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, a 07 de outubro de 2023.
Naïm falou hoje de uma proposta que "visa obter um cessar-fogo, abrir os postos de passagem fronteiriça [e] permitir a entrada de ajuda humanitária".
O objetivo da proposta é também permitir a retomada das "negociações sobre a segunda fase [da trégua], que deverá conduzir ao fim total da guerra e à retirada das forças de ocupação" israelitas, acrescentou.
O cessar-fogo que entrou em vigor a 19 de janeiro trouxe semanas de relativa calma à Faixa de Gaza, mas terminou a 18 de março, com o recomeço dos bombardeamentos israelitas ao território.
As negociações indiretas entre o Hamas e Israel, conduzidas pelo Egito, o Qatar e os Estados Unidos, para prolongar a trégua, foram interrompidas desde que a primeira fase do cessar-fogo terminou, a 01 de março.
Pelo menos 896 pessoas foram mortas desde o reinício dos ataques israelitas, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU costuma considerar fidedignos.
Poucos dias depois, combatentes palestinianos voltaram a disparar 'rockets' para Israel a partir da Faixa de Gaza.
O cessar-fogo permitiu o regresso a Israel de 33 reféns israelitas (entre os quais oito mortos) em troca de cerca de 1.800 palestinianos libertados de prisões israelitas.
Dos 251 reféns sequestrados durante o ataque do Hamas a Israel no dia 07 de outubro de 2023, que desencadeou, horas depois, a guerra israelita na Faixa de Gaza, 58 continuam em cativeiro naquele enclave palestiniano devastado, 34 dos quais mortos, segundo o Exército israelita.
O Hamas avisou que os reféns regressarão "em caixões", se Israel não parar de bombardear o território palestiniano.
Naïm declarou que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) está a abordar as conversações "com toda a responsabilidade, a atitude positiva e a flexibilidade necessárias".
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