"Um Governo que tenha em conta todas as componentes da sociedade civil síria, uma luta muito clara e firme contra o terrorismo e o regresso dos refugiados são três elementos com base nos quais a transição será avaliada", declarou Macron numa conferência de imprensa conjunta com o novo Presidente libanês Joseph Aoun.
Para Macron, a evolução das próximas semanas serão cruciais para que se possa prosseguir o diálogo e porventura receber o Presidente interino, embora as discussões mantidas até há data serem "inteiramente positivas".
Os presidentes francês e libanês realizaram uma videoconferência com o líder sírio e os seus homólogos do Chipre e da Grécia, com quem debateram o regresso dos refugiados sírios.
Esta questão "é essencial para um país como o Líbano, mas também para toda a sub-região", explicou Macron.
"A condição prévia para um regresso (dos refugiados) é ter uma representação política que tenha em conta o conjunto da sociedade civil em todas as suas componentes. É este o compromisso que o Presidente assumiu e são normalmente estes os anúncios que irá fazer amanhã (sábado)", disse Macron.
O Presidente francês sublinhou que isto significa também que o Governo sírio tem que "garantir a segurança de todos os sírios no seu próprio solo", sem deixar de apelar à "mobilização da comunidade internacional" para trabalhar no sentido de "um quadro estável para o regresso" dos refugiados, incluindo em termos socioeconómicos.
A transição continua difícil na Síria após a tomada do poder por uma coligação liderada por Ahmed al-Charaa, que pôs fim a mais de meio século de domínio absoluto do clã Assad.
No início de março, foram cometidos massacres na parte ocidental do país, que visaram principalmente os membros da comunidade alauita, o ramo xiita do Islão seguido pela dinastia Assad.
As autoridades anunciaram a próxima formação de um Governo mais inclusivo do que o gabinete de transição que tem governado o país desde que uma coligação islamista tomou o poder no início de dezembro.
Durante a reunião, Ahmed al-Charaa apelou ao levantamento das sanções económicas impostas à Síria durante o regime de Bashar al-Assad, de acordo com um comunicado de imprensa da Presidência síria.
O novo líder sírio salientou "a necessidade de levantar as sanções económicas impostas pelos Estados ocidentais à Síria, sublinhando as consequências destrutivas destas sanções para a economia síria", refere o comunicado.
O líder sírio condenou igualmente Israel, que, logo após a queda do regime de Assad, em dezembro, enviou as suas tropas para a zona tampão desmilitarizada dos Montes Golã, no sudoeste da Síria.
"A presença israelita em território sírio constitui uma ameaça permanente para a paz e a segurança regionais", acrescentou.
Na quinta-feira, o ministro israelita da Diáspora e da Luta contra o Antissemitismo, Amichai Chikli, acusou os "ministros dos Negócios Estrangeiros europeus" que "fazem fila para cumprimentar" Ahmed al-Chareh, chefe do novo governo de transição na Síria, que descreveu como um "antigo comandante do Estado Islâmico vestido de estadista".
Israel atacou na terça-feira o sul da Síria em resposta a tiros de alegados terroristas, enquanto as autoridades sírias locais relataram pelo menos cinco mortes em bombardeamentos atribuídos a Israel.
Após quase 14 anos de guerra na Síria, grupos armados liderados pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) - anteriormente afiliada ao grupo terrorista Al-Qaida - tomaram Damasco em 08 de dezembro e depuseram o Presidente Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia.
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