A mensagem foi transmitida numa conversa telefónica, a primeira entre os dois líderes dos países vizinhos, durante a qual concordaram em iniciar negociações abrangentes sobre uma "nova relação económica e de segurança, imediatamente após as eleições canadianas".
Carney descreveu a troca de impressões como "muito construtiva", enquanto Donald Trump afirmou que foi "extremamente produtiva".
"Acabei de falar com o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney. Foi uma chamada extremamente produtiva, concordámos em muitas coisas", disse Donald Trump na sua rede social Truth.
O Presidente norte-americano acrescentou que planeia encontrar-se com Mark Carney após as eleições legislativas canadianas, previstas para 28 de abril.
Haverá uma reunião "imediatamente após as próximas eleições canadianas para trabalhar em questões políticas, económicas e todas as outras questões que acabarão por ser benéficas para os Estados Unidos e o Canadá", acrescentou, evidenciando uma mudança de tom.
Os dois países, tradicionalmente aliados, têm vivido momentos de tensão, após Donald Trump, que regressou à Casa Branca em 20 de janeiro, ter lançado uma guerra comercial contra o Canadá, que ameaça querer transformar no "51.º estado" norte-americano.
Mark Carney, que substituiu Justin Trudeau há duas semanas na chefia do Governo canadiano, saudou em comunicado "uma conversa muito construtiva sobre a relação entre os dois países", ao mesmo tempo que avisou Donald Trump de que o Canadá iria aplicar medidas de retaliação a 02 de abril, caso os Estados Unidos da América (EUA) imponham novas tarifas.
O primeiro-ministro "assegurou ao Presidente que iria trabalhar incansavelmente durante o próximo mês para ganhar o privilégio de representar o Canadá nestas discussões", afirmou o Governo canadiano, numa altura em que o candidato liberal enfrenta o conservador Pierre Poilievre nas urnas.
Na quarta-feira, o Presidente dos EUA anunciou a sua intenção de impor direitos aduaneiros de 25% sobre as importações de automóveis. Esta medida vem juntar-se aos direitos aduaneiros já impostos por Washington sobre o aço e o alumínio.
Estes anúncios surgem igualmente alguns dias antes da entrada em vigor prevista de direitos aduaneiros "recíprocos" impostos pelos Estados Unidos para tributar as mercadorias que entram no seu território ao mesmo nível que os cobrados sobre os mesmos produtos americanos exportados para o estrangeiro.
O Canadá é o principal fornecedor de aço e alumínio dos EUA e o seu setor automóvel está estreitamente ligado à indústria automóvel americana.
Donald Trump também ameaçou a União Europeia e o Canadá com tarifas adicionais se estes se coordenarem contra os Estados Unidos, em resposta à guerra comercial lançada por Washington.
Mark Carney, antigo presidente dos bancos centrais do Canadá e de Inglaterra, interrompeu a sua campanha na quarta-feira à tarde, após estes anúncios, para se encontrar com os primeiros-ministros das províncias canadianas.
No dia seguinte, afirmou que o tempo da cooperação estreita com os EUA "acabou" porque o país deixou de ser um "parceiro fiável".
"A antiga relação que tínhamos com os Estados Unidos, baseada na profunda integração das nossas economias e numa estreita cooperação em matéria de segurança e defesa, acabou", afirmou Carney, numa conferência de imprensa.
O líder canadiano insistiu também no "respeito" que considera que o Presidente dos EUA deve demonstrar para que seja possível um diálogo.
Na sua publicação de hoje, o Presidente norte-americano foi mais diplomático, referindo-se ao título oficial de Carney, primeiro-ministro, e não fazendo qualquer menção ao seu desejo de anexar o Canadá.
Trump tinha-se referido ao antecessor de Carney, Justin Trudeau, com quem tinha uma rivalidade de longa data, como "o governador", na sequência dos seus apelos para que o Canadá se junte aos Estados Unidos.
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