EUA "conscientes" da insatisfação chinesa com portos do canal do Panamá

Os Estados Unidos declararam esta sexta-feira que estão "conscientes" da insatisfação da China com o acordo de transferência de dois portos do Canal do Panamá para um conglomerado norte-americano e afirmaram que "não estão surpreendidos".

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© Yasin Ozturk/Anadolu via Getty Images

Lusa
29/03/2025 06:53 ‧ há 3 dias por Lusa

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Segundo vários meios de comunicação social norte-americanos, a venda pelo grupo de Hong Kong CK Hutchinson ao americano BlackRock das participações nos portos panamianos de Balboa e Cristobal será adiada para além da data limite de 02 de abril, em face às reticências de Pequim.

 

"Estamos cientes dos comentários da China. Não é surpreendente que o PCC (Partido Comunista da China) esteja aborrecido com esta aquisição, que reduzirá o seu controlo sobre a área do Canal do Panamá", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, numa conferência de imprensa.

A porta-voz disse que a Administração de Donald Trump está "satisfeita" com o facto de os investidores norte-americanos estarem a adquirir uma "participação maioritária" na operação dos portos de Balboa e Cristobal, localizados em ambos os extremos do Canal.

O acordo, que foi descrito por Trump como uma "retoma" da via fluvial pelos Estados Unidos, deverá ser fechado por 23 mil milhões de dólares e pareceu apaziguar as ameaças do líder republicano de assumir o controlo da estrutura face ao que descreveu como "controlo chinês" do canal.

O regulador anti-monopólio da China, da qual depende a região administrativa especial de Hong Kong, disse que iria rever o negócio com o objetivo de "proteger a concorrência leal e salvaguardar o interesse público", segundo o The Wall Street Journal.

O Panamá encara a questão como uma transação entre duas empresas privadas, e a eventual participação das autoridades panamianas no processo ocorrerá numa fase posterior, segundo o chefe da diplomacia do país, Javier Martinez-Acha, à agência EFE.

"A questão dos portos é uma transação privada. A negociação decorre entre as partes, uma vez terminada (...) têm de apresentar o que foi acordado à República do Panamá e nós vamos analisar o que eles negociaram. Temos de verificar se está em conformidade com a Constituição e outras leis. Depois, poderemos aprovar a venda da concessão", explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Relativamente às acusações da nova administração norte-americana de que a China tem influência sobre o canal, que as autoridades panamianas têm desmentido repetidamente, Martinez-Acha apelou à utilização dos canais diplomáticos em caso de litígio.

"Mas, repito, nada pode ser discutido sobre a soberania do país ou a propriedade do Canal do Panamá", insistiu.

Essas intenções, expressas por Donald Trump, criaram uma crise entre os dois países, aliados históricos, embora o ministro dos Negócios Estrangeiros panamiano tenha afirmado que "não há tensão" com os Estados Unidos, pelo menos da parte do Panamá.

"Quero ser claro. Não tivemos, da nossa parte, nenhuma tensão com os Estados Unidos", disse o ministro panamiano.

Em Hong Kong, noticiou esta semana o South China Morning Posto (SCMP), a CK Hutchison e as autoridades da região administrativa estão a discutir "uma solução razoável" para o acordo de venda de dois portos no Canal do Panamá.

Fontes citadas pelo jornal de Hong Kong disseram que as autoridades da região abordaram a CK Hutchison imediatamente após terem tomado conhecimento do seu acordo com um consórcio liderado pela gestora de ativos norte-americana BlackRock, que suscitou o desagrado de Pequim.

O acordo prevê a venda da participação da empresa sediada em Hong Kong em 43 portos espalhados por 23 países, incluindo operações em cada extremidade do Canal do Panamá, num negócio no valor de 23 mil milhões de dólares (21,3 mil milhões de euros), que gera cerca de 19 mil milhões de dólares (17,6 mil milhões de euros) em receitas líquidas para o conglomerado de Hong Kong.

"Desde então, ambas as partes têm estado em contacto, tentando encontrar uma solução razoável", segundo uma fonte do Executivo da região, citada pelo SCMP.

Em paralelo, as autoridades chinesas ordenaram às empresas estatais que deixem de fazer negócios com Li Ka-shing, proprietário da CK Hutchison, o homem mais rico da antiga colónia britânica e o oitavo mais rico da Ásia.

De acordo com fontes anónimas citadas pela agência de notícias oficial chinesa, Xinhua, a instrução para vetar o empresário de Hong Kong foi dada na semana passada por altos funcionários e afeta apenas novos negócios, sem impacto nas colaborações existentes.

Leia Também: EUA justificam ataque de Israel no Líbano com inação de Beirute

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