Espanha. Felipe VI destaca "pegada profunda" da cultura cigana

O Rei de Espanha reconheceu hoje a "história difícil" de seis séculos dos ciganos no país, com estigmatização e descriminação, e pediu um futuro "com inclusão plena" e o reconhecimento da "pegada profunda" da cultura cigana na identidade espanhola.

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Lusa
08/04/2025 15:39 ‧ há 2 semanas por Lusa

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Espanha declarou 2025 como Ano do Povo Cigano, apadrinhado pelo chefe de Estado, Felipe VI, para reconhecer "a perseguição e discriminação" de que a comunidade tem sido alvo, mas também o contributo cultural, social e linguístico na sociedade espanhola.

 

A escolha de 2025 como Ano do Povo Cigano em Espanha coincide com os 600 anos da presença dos ciganos na Península Ibérica, documentada num salvo-conduto assinado em 1425 pelo rei Afonso V do então Reino de Aragão.

As celebrações tiveram hoje, no Dia Internacional do Povo Cigano, uma cerimónia inédita no Congresso dos Deputados, o parlamento espanhol, presidido pelos Reis, Felipe VI e Letizia, de homenagem e reconhecimento ao povo cigano.

Num discurso na cerimónia, o chefe de Estado de Espanha sublinhou que a desigualdade entre a comunidade cigana e a generalidade da sociedade espanhola permanece, como certificam dados nacionais e europeus relativos a áreas como habitação, o emprego, a educação ou a saúde.

Felipe VI considerou imprescindível que a sociedade "tome consciência" dessa desigualdade e discriminação de que o povo cigano foi alvo durante séculos e que, até à instituição da atual democracia espanhola, em 1978, incluiu mesmo legislação discriminatória, perseguições, estigmatização ou de simples e deplorável rejeição.

O Rei de Espanha elogiou e sublinhou a "resistência inquebrantável, a capacidade contínua de adaptação e de superação" dos ciganos, "um traço de identidade" da comunidade "que é um exemplo para todos".

Felipe VI destacou, em paralelo, "a pegada profunda" da cultura cigana na própria identidade espanhola e as contribuições para a arte ou a língua e pediu que este Ano do Povo Cigano em Espanha sirva também para "superar o desconhecimento que ainda persiste" da comunidade.

Na declaração de 2025 como Ano do Povo Cigano em Espanha, o Governo espanhol realçou "a exclusão, a perseguição e a discriminação" de que foi e continua a ser alvo a comunidade no país, mas também "a pegada cultural, social e linguística" que tem na sociedade.

Para o Governo de Espanha, as celebrações de 2025 são uma oportunidade para reconhecer "as injustiças históricas e atuais que enfrenta o povo cigano" e denunciar as "barreiras significativas" que tem em áreas como a educação, o emprego ou a habitação.

O executivo reconheceu, no mesmo texto, que as pessoas ciganas continuam a ser alvo de "discriminação estrutural e preconceitos" que lhes limitam as oportunidades e perpetuam a exclusão social e económica da comunidade.

Neste contexto, o Governo disse que assinalar os 600 anos do povo cigano na Península Ibérica é um ato de memória histórica e um compromisso institucional para "combater as desigualdades que ainda persistem".

A cerimónia de hoje no parlamento espanhol foi "um importante reconhecimento das instituições tanto quanto ao passado como para o futuro", com um "impacto muito relevante para as pessoas ciganas" de Espanha, disse a diretora-geral da Fundação Secretariado Cigano, Sara Giménez, num encontro com jornalistas da imprensa estrangeira em Madrid, incluindo a agência Lusa.

Para a Fundação Secretariado Cigano, a maior organização não-governamental europeia de promoção da inclusão e dos direitos humanos das pessoas ciganas, falta reconhecimento, mas também "conhecimento de verdade" da história e da cultura do povo cigano em Espanha, para além de clichés ou do folclórico, com lacunas sobre esta matéria, por exemplo, nos currículos escolares no país.

Há em relação aos ciganos um "imaginário espanhol" em que "os clichés perduram" e em que a maioria dos membros da comunidade, estimada em entre um milhão e 1,3 milhões de pessoas, "é invisível".

Neste 600.º aniversário da presença do povo cigano na Península Ibérica, "os grande desafios pendentes" são, assim, ainda, "a luta por uma igualdade real e a luta contra o 'anticiganismo'", estando em causa a minoria que continua a ser a mais discriminada na Europa e também em Espanha, apesar dos melhores indicadores do país comparando com os outros Estados europeus, realçou Sara Giménez.

"As desigualdades são muito grandes e, em alguns aspetos, esmagadoras", afirmou ainda a representante.

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