O Bangladesh alberga mais de um milhão de membros da minoria muçulmana rohingya de Myanmar, na região sul de Cox's Bazar, que estão amontoados em campos improvisados.
Desde o golpe que trouxe a junta birmanesa de volta ao poder, em 2021, as regiões onde se encontram os rohingya têm sido palco de um conflito mortal entre vários movimentos rebeldes e o exército.
Durante uma visita em março, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apresentou a ideia de "criar as condições necessárias para o regresso" dos refugiados rohingya ao seu país.
"O Bangladesh apoia a ideia de ajuda humanitária da ONU ao estado de Rakhine (Myanmar) e está pronto para prestar apoio logístico", disse o ministro responsável pelos refugiados rohingya, Khalilur Rahman.
"Acreditamos que a ajuda humanitária da ONU ajudaria a estabilizar a situação em Rakhine e criaria as condições necessárias para o regresso dos refugiados", acrescentou.
No entanto, esta iniciativa suscitou fortes reservas em alguns setores do Bangladesh.
"Um corredor humanitário através do Bangladesh ameaça a independência e a soberania do nosso país, bem como a paz e a estabilidade regionais", argumentou o secretário do Partido Nacional do Bangladesh (BNP), Mirza Fakhrul Islam Alamgir.
Também o líder do Jamaat-e-Islami, o principal partido islâmico do país, Shafiqur Rahman, manifestou preocupação com a "segurança" de uma operação deste tipo.
Apesar disso, o Bangladesh e Myanmar poderão discutir essa possibilidade, adiantou a responsável da unidade da ONU em Daca, Louise Barbour, alertando, no entanto, que o projeto só poderá avançar após um acordo formal entre os dois lados.
Leia Também: UE prorroga sanções contra Myanmar por violações dos direitos humanos