Segundo este grupo de reflexão sediado em Dakar, capital do Senegal, nos últimos anos, o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GSIM, na sigla em francês), com ligações à Al-Qaida, tem vindo a utilizar a região de Kayes, sudoeste do Mali, como base "para penetrar nos países vizinhos, Mauritânia e Senegal".
Nesta região transfronteiriça, o GSIM "multiplicou por sete" as suas ações violentas entre 2021 e 2024, visando forças de segurança, postos aduaneiros e comboios nas estradas para Bamako, Mauritânia e Senegal.
"O GSIM parece ter uma estratégia dupla na área da tríplice fronteira para cercar Bamako e estender a sua área de operações a partes da Mauritânia e do Senegal", acrescenta-se no relatório.
O diretor do Instituto Timbuktu, Bakary Sambe, declarou que "o objetivo principal é cortar as rotas de abastecimento a Bamako, com o duplo objetivo de deslegitimar as autoridades (malianas) e criar redes económicas que possam financiar as suas atividades na região".
O GSIM, grupo extremista mais influente do Sahel, com uma presença significativa no Mali, Níger e Burkina Faso, explora as fronteiras porosas, os laços étnicos transfronteiriços, as desigualdades e a difusão do salafismo, apresentado como uma "teologia da libertação" face a um Islão tradicional marcado por um rígido sistema de castas, para se implantar no Senegal e na Mauritânia, indica-se no estudo.
No relatório aponta-se também que o grupo se infiltra em circuitos económicos chave (roubo de gado, tráfico de madeira, contrabando) para financiar a estratégia de expansão, estando a alargar cada vez mais a sua influência aos países do Golfo da Guiné.
Estas redes económicas transfronteiriças, que ligam o Mali, a Mauritânia e o Senegal, facilitam o recrutamento e o transporte de recursos como armas e explosivos, reforçando a presença do GSIM na região, segundo a mesma fonte.
No entanto, a coesão social, a moderação religiosa e a competência das forças de segurança constituem baluartes sólidos contra a implantação da GSIM no Senegal, desde que a consciencialização seja aumentada e as desigualdades reduzidas, para contrariar esta ameaça a longo prazo, alertam os investigadores.
Desde 20 de fevereiro, os exércitos senegalês e maliano efetuam patrulhas conjuntas na região de Kayes contra o terrorismo e o "banditismo transfronteiriço", que deverão continuar até ao final de 2025.
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