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Tunísia vai a eleições para consolidar democracia

A Tunísia elege no domingo o primeiro Parlamento desde a revolução de 2011, na expetativa de consolidar uma democracia que, embora frágil, é uma exceção nos países da "primavera árabe".

Tunísia vai a eleições para consolidar democracia
Notícias ao Minuto

10:40 - 24/10/14 por Lusa

Mundo Domingo

Depois de três semanas de uma campanha que não pareceu despertar grande interesse, 5,2 milhões de eleitores são chamados às urnas para eleger 217 deputados numa votação em que o partido islamita Ennahda, vencedor das primeiras eleições livres, em 2011, parte como favorito.

A transição democrática na Tunísia, mesmo tendo em conta a instabilidade e a crise económica, contrasta com os combates entre fações rivais na Líbia e no Iémen, a recuperação do poder pelo exército no Egito e a guerra civil na Síria, os países da chamada "primavera árabe" de 2011.

Depois de fortes divergências, os partidos políticos tunisinos cederam à pressão da sociedade civil e aceitaram envolver-se em longas negociações que, em janeiro, permitiram a adoção de uma Constituição consensual e da marcação das legislativas de domingo e de presidenciais, a 23 de novembro.

Este contraste com os outros países da "primavera árabe" é destacado pelo Ennahda para justificar a "inevitabilidade" de uma vitória, mesmo tendo sido durante a sua passagem pelo poder que ocorreram os incidentes mais graves da Tunísia pós-revolução, como o ataque à embaixada dos Estados Unidos em 2012 e a crise política provocada pelo assassínio de dois opositores em 2013.

"Basta comparar com os outros países da 'primavera árabe' (...) Em termos de proteção da liberdade e da democracia, somos considerados o modelo de sucesso", afirmou Ali Larayedh, o ex-primeiro-ministro islamita que aceitou demitir-se para dar lugar a um governo de independentes em 2013.

Para muitos analistas, no entanto, é cedo para declarar a Tunísia um modelo, até porque as eleições se vão realizar com um atraso de dois anos em relação ao calendário inicial e falta ainda consolidar a democracia, voltar ao crescimento e reforçar a classe média, sem recurso ao autoritarismo.

Os detratores do Ennahda, o principal dos quais é o partido Nidaa Tounès, liderado por Béji Caid Essebsi, fazem um retrato negro da passagem dos islamitas pelo poder, tanto em termos sócio económicos como de segurança, e acusam-no de pretender "islamizar" a sociedade.

Além destes dois partidos, os maiores, centenas de listas apresentam-se a estas legislativas, representando desde ex-responsáveis do regime deposto de Zine Abidine Ben Ali a movimentos seculares, passando por partidos de extrema-esquerda e outras formações islamitas.

Mesmo aparecendo como principal rival do Ennahda, o Nidaa Tounès, é um partido muito heterogéneo que congrega militantes de esquerda, sindicalistas, empresários e antigos militantes do partido de Ben Ali, não se diferenciando suficientemente das muitas pequenas listas seculares.

Como um todo, o panorama político é semelhante ao verificado em 2011: um partido islamita, proibido nos tempos da ditadura, que conta dezenas de milhares de militantes, enfrenta uma oposição muito dividida por divergências ideológicas numa eleição por sistema proporcional que retira aos pequenos movimentos capacidade de eleger deputados.

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