Ex-chefe dos serviços secretos romeno admite centros de trânsito de detidos
O antigo chefe dos serviços de informações da Roménia disse que a CIA pode ter mantido no país um "centro de trânsito" para detidos mas sem que Bucareste soubesse em concreto a atuação a que os prisioneiros eram sujeitos.
© Reuters
Mundo CIA
Após os atentados de Nova Iorque de 11 de setembro de 2001, a Roménia e os Estados Unidos abordaram a questão dos "centros de apoio para a CIA" que Bucareste deveria colocar à disposição dos serviços de informações norte-americanos" disse Ioan Talpes ao jornal Adevarul de Bucareste.
"Não se trata de nenhum centro de detenção. Eram simplesmente centros de trânsito", afirmou o antigo responsável pelos serviços secretos romenos sublinhando que na altura o país espera "luz verde" no processo de adesão à Aliança Atlântica.
"Os romenos não estavam interessados em saber aquilo que os norte-americanos estavam a fazer, precisamente para lhes demonstrar que podiam confiar em nós", disse ainda Talpes que chefiou os serviços de informações da Roménia entre 2000 e 2004.
O relatório sobre as atividades da CIA foi divulgado na terça-feira pelo Senado norte-americano e indica que os Estados Unidos torturaram prisioneiros após os atentados contra Nova Iorque de 2001.
O relatório refere que pelo menos 119 pessoas foram presas e mantidas em "locais secretos" em vários pontos do mundo que não estão identificados no documento mas que aparentemente podem ser a Roménia, Polónia, Lituânia, Tailândia e o Afeganistão.
Oficialmente a Roménia desconhece a existência de prisões secretas da CIA no país.
Ion Iliescu que foi chefe de Estado da Roménia durante o período referido no relatório do Senado dos Estados Unidos disse que o país "não sabia nada" sobre o assunto, enquanto o primeiro-ministro, Victor Ponta, remeteu qualquer esclarecimento para o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Até ao momento a diplomacia romena declinou qualquer comentário ou esclarecimento sobre o assunto.
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