Corpos do diretor e duas outras vítimas foram hoje enterrados
Com três cerimónias em separado, decorreram hoje os funerais de Charb, diretor do Charlie Hebdo, do caricaturista Honoré e do revisor Mustapha Ourrad, que se incluem entre os 12 mortos no atentado ao semanário satírico em 07 de março.
© Reuters
Mundo Charlie Hebdo
Centenas de pessoas, entre amigos e gente anónima, acolheram o caixão de Charb em Pontoise ao som do hino revolucionário A Internacional e sob fortes aplausos, numa última homenagem antes do enterro.
Para além da família de Stéphane Charbonnier (Charb), e de sobreviventes do Charlie Hebdo, assistiram à cerimónia diversos ministros franceses, incluindo Christiane Taubira (Justiça), Najat Vallaud-Belkacem (Educação) et Fleur Pellerin (Cultura), para além do dirigente da Frente de Esquerda (Front de Gauche), Jean-Luc Mélenchon, e do secretário nacional do Partido Comunista, Pierre Laurent.
"Vós sois Charlie? Provem-no", fazendo nascer "milhares" de novos Charlie Hebdo, exortou Luz, um dos desenhadores sobreviventes e autor da capa do último número que volta a exibir uma caricatura de Maomé.
Charb gostaria "que milhares de Charlie Hebdo surgissem nos liceus, faculdades, impressoras", "que outros Charb, Cabu, Honoré, Wolinski, segurassem numa caneta", prosseguiu, numa referência aos restantes desenhadores mortos por dois 'jihadistas' franceses.
No exterior, centenas de anónimos seguiram a cerimónia através de um ecrã gigante. Charb foi depois enterrado numa cerimónia reservada apenas aos mais próximos.
O desenhador dirigia o semanário satírico desde 2009. Foi morto em 7 de janeiro num atentado efetuado pelos irmãos Chérif e Said Kouachi, dois 'jihadistas' franceses, contra a sede do Charlie Hebdo em Paris e que provocou 12 mortos, incluindo cinco caricaturistas do jornal.
Cerca de 200 pessoas também prestaram hoje a última homenagem ao desenhador Philippe Honoré no cemitério parisiense Père-Lachaise.
Durante a cerimónia, foi projetado um diaporama com os seus desenhos. De seguida, interpretou-se "Farewell Angelina" ao piano, uma canção escrita por Bob Dylan e interpretada por Joan Baez, sucedendo-se algumas árias de ópera sob a cúpula do crematório.
Honoré, que colaborava com o Charlie Hebdo desde o seu reaparecimento em 1992, é autor no último desenho divulgado por Twitter pelo semanário, alguns instantes antes do atentado, e onde surge o chefe do grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, a apresentar os seus votos de ano novo: "E sobretudo, saúde!".
À tarde, o revisor de texto do jornal Mustapha Ourrad, morto aos 60 anos, também foi a enterrar em Père-Lachaise, na presença de uma pequena multidão onde se destacava o médico Patrick Pelloux, um dos cronistas do Charlie.
"Mustapha foi um dos maiores republicanos que conheci", declarou Pelloux durante as exéquias, também na presença da ministra da Cultura, Fleur Pellerin.
Na quinta-feira, recorda a agência noticiosa AFP, tinha já decorrido uma cerimónia em memória de Mustapha Ourrad na sua cidade natal da Cabília, a região de população berbere da Argélia. Uma vigília em homenagem ao então jovem estudante, designado pelos seus amigos por "Mustapha Baudelaire", que se exilou há mais de 30 anos em França e elogiado pelos mais próximos pela sua gentileza e dedicação aos livros.
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